Muitas informações da passagem da sonda Juno, da NASA, pela maior lua de Júpiter em junho de 2021 ainda estão sendo decodificadas. Em uma nova série de divulgações feitas por astrônomos que analisaram essas informações, agora sabemos que grandes crateras de impacto existem em Ganimedes, em um número maior do que esperávamos.

Ganimedes é não só a maior lua de Júpiter, mas também o maior satélite natural do sistema solar. Com mais de 2,6 mil quilômetros (km) de raio, a lua está a 628,3 milhões de km de distância da Terra e tem um período orbital de 172 horas. Hoje, a principal forma de investigação é justamente a missão Juno, que a NASA lançou em agosto de 2011 para investigar Júpiter, por meio de diversas passagens pela órbita do planeta gasoso e, ocasionalmente, encontrar a lua em suas lentes de observação. Mas as missões Voyager 1 (1979) e Galileo (década de 1990) também passaram pela área.

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Foto infravermelha tirada pela sonda espacial Juno mostra, em infravermelho, imagem detalhada da lua Ganimedes, a maior de Júpiter
Visualização infravermelha da lua Ganimedes, a maior não apenas de Júpiter, mas de todo o sistema solar (Imagem: NASA/JPL-Caltech/SwRI/ASI/INAF/JIRAM)

“Nós perdemos muitas grandes crateras de impacto que simplesmente não conseguimos ver nos dados da Voyager”, disse Goeffrey Collins, um geólogo da Faculdade Wheaton, em Massachusetts. “Esse deve ser um alerta de cuidado para quem tentar mapear coisas baseado em apenas uma imagem com um ângulo ou iluminação. Nós não enxergamos essa cratera de 100 km que é bem evidente na câmera da Juno. E também outra, menos óbvia, de 110 km de extensão”.

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Outras crateras menores, em média 40 km a 50 km, também foram identificadas, além de diversos sinais de atividade vulcânica intensa: “conseguimos identificar diversas imagens do que parecem ser caldeiras, similares às que já tínhamos visto em outras partes de Ganimedes”, disse Collins, em referência a crateras criadas por explosões ou derramamentos de vulcões (a lua de Júpiter tem vários “criovulcões” – elevações que, ao invés de cuspirem lava, ejetam água congelada e gás do seu interior).

“Isso na verdade aumenta em 30% o número total de caldeiras encontradas em Ganimedes”, disse o geólogo. “Definitivamente, isso nos faz pensar que contamos esses efeitos ‘para menos’ até agora. Deve ter muito mais coisas do tipo a serem descobertas à medida em que obtemos novos dados sobre Ganimedes”.

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Ganimedes é um “ponto fora da curva” no sistema solar: não só é a maior de todas as suas congêneres, a lua também é a única a portar um campo magnético próprio – algo que faz com que cientistas suspeitem da presença de um oceano de água salgada em seu interior, a mais ou menos 60 km de profundidade, escondido sob uma camada de gelo de 150 km de espessura.

A presença de água é um dos pilares para a possibilidade de sustentação de formas primitivas de vida.

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Mais além, é a única lua a exibir efeitos próprios de aurora, como parte de sua interação com Júpiter.

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