É possível que já tenhamos descoberto buracos de minhoca no espaço, diz especialista

Astrofísico de universidade japonesa afirma que nós perdemos informações do evento em um “mar de dados”, mas é possível recuperá-las
Rafael Arbulu23/03/2022 18h21
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Ilustração: Fred Mantel/Shutterstock
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Buracos de minhoca – ou “Pontes Einstein-Rosen” – são objetos teóricos da astrofísica que sugerem que, pela Teoria Geral da Relatividade, são dois pontos distintos conectados por um túnel, conectando distâncias pequenas, grandes, universos diferentes ou até períodos diferentes no tempo. A palavra-chave aqui, no entanto, é “teóricos”, já que a existência deles ainda não foi comprovada, apenas idealizada por físicos proeminentes.

Segundo um deles – Fumio Abe, astrofísico da Universidade Take Nagoya, do Japão -, nós podemos já ter encontrado um ou mais buracos de minhoca, no entanto as informações pertinentes a eles foram perdidas “em um mar de dados”, disse o especialista à BBC. E a suposta presença desses buracos foi atribuída à justificativa mais clichê sobre estudos do espaço: “aliens”.

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Buracos de minhoca - ou "Pontes Einstein-Rosen" - é um conceito teórico da astrofísica que nos permitiria viajar distâncias imensas em períodos curtos de tempo, mas sua existência nunca pôde ser comprovada
Buracos de minhoca – ou “Pontes Einstein-Rosen” – é um conceito teórico da astrofísica que nos permitiria viajar distâncias imensas em períodos curtos de tempo, mas sua existência nunca pôde ser comprovada (Ilustração: Jurik Peter/Shutterstock)

A teoria, no entanto, intrigou algumas pessoas: “se os buracos de minhoca possuem entradas com raios entre 100 e 10 milhões de quilômetros [km], são presos à nossa galáxia e são tão comuns quanto qualquer estrela, a detecção deles pode ser apenas uma questão de reavaliar informações antigas”, disse Abe.

Apesar de suas atribuições físicas serem (relativamente) sólidas, é, ainda, impossível explicar como um ou mais buracos de minhoca poderiam existir – ou mesmo serem criados por civilizações alienígenas avançadas. O que sabemos, no entanto, é que uma quantidade, bem, “astronômica” de energia seria necessária. Muito mais do que nós podemos gerar com a tecnologia atual, em processos já padronizados.

Abe, no entanto, sugere o uso de “lentes gravitacionais” para detectarmos um buraco que, porventura, tenha sido criado. Já falamos disso aqui no Olhar Digital: “lente gravitacional” é um fenômeno visual que faz com que a luz que brilha de longe seja curvada pela gravidade de um objeto entre sua fonte e o observador.

O efeito foi previsto por Einstein há mais de 100 anos, mas apenas recentemente é que conseguimos observá-lo de forma prática.

Quanto a “como” usar isso para detectar buracos de minhoca, no entanto, o astrofísico não conseguiu detalhar.

Evidentemente, a ideia de encontrar – ou, melhor ainda, usar – um buraco de minhoca é extremamente atraente: hoje, muitos objetos que já descobrimos por observação estão distantes demais para chegarmos perto (isso, claro, sem contar nossas capacidades físicas de resistir à viagem.

Mesmo a estrela mais próxima da Terra depois do Sol – o sistema triplo chamado Alpha Centauri, há 4,37 anos-luz -, nos é inatingível em termos práticos (mais de 10 mil anos com a tecnologia atual).

Buracos de minhoca, em teoria, têm essa atribuição, de conectar pontos extremamente distantes do espaço para que, de alguma forma, essa distância possa ser atravessada em curtos períodos de tempo.

Por essa razão, dá para entender o motivo da curiosidade humana em relação a essa teoria. Mas infelizmente, ao menos por enquanto, ela é mesmo apenas uma teoria.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.