Uma barata não é bem uma visão agradável para a maioria de nós, mas uma barata robótica autônoma pode ser a diferença entre a vida e a morte no caso de vítimas de desastres como desabamentos e terremotos. Ao menos, é o que almeja um grupo de cientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, que está pesquisando formas de criar “insetos ciborgues” (“insetorgues”?), versões híbridas de insetos e robôs, como mecanismo de resposta em situações de emergência.

O estudo vem sendo chefiado por Sato Hirotaka, professor associado de Eletroquímica da instituição, que pesquisa o assunto há pelo menos 15 anos. Em seu novo paper, Hirotaka e sua equipe discutem como os insetos ciborgues devem ter um caráter autônomo, ao invés de obedecerem a um controle remoto centralizado.

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A barata de Madagascar chega a seis centímetros de tamanho mas é um pouco mais robusta e resistente que a barata comum, o que faz dela uma ótima candidata a um projeto que cria insetos ciborgues
A barata de Madagascar chega a seis centímetros de tamanho e é um pouco mais robusta e resistente que a barata comum, o que faz dela uma ótima candidata a um projeto que cria insetos ciborgues. Imagem: Alex Stemmers/Shutterstock

Claro, por “autônomo”, ele não quer dizer “descontrolado” – fosse isso, não haveria motivo para o experimento. Na verdade, o que o professor entende é que o comportamento dos insetos – neste experimento, baratas de Madagascar – teriam um equipamento algorítmico capaz de tomar decisões com base em treino de inteligência artificial (IA).

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O experimento basicamente envolve o uso de pequenas “mochilas” acopladas às baratas – um sensor inteligente está instalado nelas. Os insetos seriam liberados em uma área colapsada, como um edifício que veio abaixo, por exemplo, e começariam a se infiltrar por cada passagem, procurando sinais de dióxido de carbono (CO2) – a IA usaria de sua tecnologia para interpretar se um sinal identificado pode ou não corresponder ao movimento humano, temperatura de um corpo ou mesmo uma respiração mais intensa.

Se o sistema, acoplado a uma câmera, achar que identificou uma pessoa, então um sinal de alerta seria enviado a uma equipe (humana) de resgate, que concentraria esforços nas buscas pela área investigada pelos insetos ciborgues.

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Já houve até a execução de um teste, onde os insetos tiveram bom desempenho: em uma área controlada de 25 metros quadrados (m²), os cientistas soltaram os animais em meio a um cenário de colapso – blocos de concreto de vários tamanhos e formas posicionados aleatoriamente. No mesmo teste, haviam algumas pessoas, alguns manequins e “iscas” para atrapalhar a IA (lâmpadas acesas, um notebook e um microondas, para ser exato).

Embora os números não tenham sido divulgados, os autores disseram que os insetos ciborgues tiveram um desempenho satisfatório, mas eles também reconhecem que o sistema precisa de um pouco mais de refinamento e otimização.

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Talvez seja melhor pensar duas vezes antes de matar aquela barata que você viu: amanhã, ela pode salvar sua vida.

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