Moradores de Goiânia, Anápolis e região se assustaram na noite deste sábado (9) com uma bola de fogo que cruzou o céu e iluminou a noite de Goiás. O fenômeno ocorreu às 22h16 e durou quase 10 segundos (o que é muito para um meteoro), e isso permitiu que alguns moradores registrassem a passagem do bólido com seus celulares. Em poucos minutos, as redes sociais já estavam cheias de relatos e imagens do fenômeno.

Segundo Ary Martins, presidente do Clube de Astronomia Plêiades do Sul, com sede em Goiânia, o meteoro foi o assunto mais falado do final de semana nos grupos e redes sociais que faz parte. Todos queriam saber do que se tratava e, principalmente, se aquilo representava algum risco. Muitos o procuraram assustados relatando a intensidade do fenômeno luminoso e também, um estrondo de explosão que foi escutado alguns minutos depois. “E agora já está migrando do fenômeno meteoro para supostos achados de meteoritos. Já recebi algumas fotos mas nenhuma ainda é de meteorito”, completa o astrônomo.

Sorte ao quadrado

A passagem de um grande bólido pela atmosfera é um evento completamente aleatório. Ninguém sabe quando nem onde irão ocorrer. Por isso, presenciar um meteoro tão luminoso quanto esse é raro. Ter a felicidade de conseguir filmar, é apenas para alguns poucos sortudos(as). Agora, pra conseguir filmar com o celular dois bólidos como esse em menos de dois anos, aí, só o astrônomo amador Daniel Basile mesmo. 

 Ao Olhar Digital, Daniel conta que estava em uma festa em Goiânia quando percebeu a passagem do bólido. A surpresa foi tanta que ele se engasgou com a bebida, mas mesmo assim conseguiu alertar sua namorada Sarah Lauck. Sarah que já estava com o celular na mão ainda teve tempo de gravar o meteoro até ele se fragmentar e se apagar. Em 2020, Daniel havia tido sorte ao registrar um outro bólido que caiu na região

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Além dos diversos registros em celulares e câmeras de vigilância, o meteoro também foi registrado em duas câmeras do Clima ao Vivo em Caçu, GO e Viradouro, SP. A BRAMON, a Rede Brasileira de Observação de Meteoros, analisou as imagens e concluiu que o fenômeno realmente se tratava de bólido, que nada mais é do que um meteoro bastante luminoso. O meteoro, por sua vez, é o fenômeno luminoso gerado pela passagem atmosférica de uma rocha espacial em alta velocidade. 

Trajetória preliminar

Segundo a BRAMON, o bólido observado em Goiás ocorreu às 22:16 deste sábado. A rocha espacial atingiu a atmosfera da Terra em um ângulo de 8,6°, em relação ao solo, e começou a brilhar a 72,1 km de altitude sobre Palmeiras de Goiás. Seguiu a 87,9 mil km/h, percorrendo 219,9 km em 9,0 segundos, e desapareceu a 39,2 km de altitude, sobre o município de Girassol, a oeste de Brasília. Entretanto, a rede esclarece que esta trajetória é preliminar e que ainda está analisando outros vídeos para tentar determinar a trajetória exata e a possível área de dispersão de meteoritos. 

Trajetória preliminar do meteoro visto em Goiás. Créditos: BRAMON

Geralmente, o calor gerado na passagem atmosférica vaporiza completamente a rocha espacial. Entretanto, se essa rocha for um pouco maior, costuma gerar eventos mais luminosos, como o que foi visto em Goiás neste final de semana. Nesses casos, elas podem resistir e atingir as camadas mais baixas e densas da atmosfera. Quando isso ocorre, a atmosfera acaba fragmentando o que restou da rocha e também gera uma onda de choque, que pode ser sentida pela população como um barulho de explosão. Os fragmentos da rocha espacial que resistem à passagem atmosférica e chegam ao solo são chamados de meteoritos. E ao que tudo indica, o fenômeno observado no sábado teve potencial para ter deixado meteoritos em solo. 

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