Um artigo publicado no Astrophysics Journal sugere que alguns planetas podem gerar uma forte explosão de ondas de rádio à medida que se desintegram no espaço.

Em entrevista ao site Science News, o astrônomo da Universidade de Nanjing Yong-Feng Huang, principal autor do estudo, defendeu que a morte de alguns planetas pode explicar algumas das recém-descobertas e pouco compreendidas explosões rápidas de rádio (FRBs) vindas das profundezas do cosmos.

De acordo com novo estudo, decomposição planetária causada por proximidade com estrela hospedeira pode ser causa de rajadas rápidas de rádio no cosmos. Imagem: zhennet – Shutterstock

Até 2007, quando foi detectada a primeira FRB, os astrônomos não sabiam nada a respeito do fenômeno, que consiste em rajadas de milissegundos de ondas de rádio que ainda não foram totalmente explicadas.

Desde então, os cientistas tentam descobrir o que causa essas misteriosas explosões de rádio – e a teoria proposta por Huang oferece uma nova possibilidade bastante intrigante.

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Na pesquisa, a equipe levantou a hipótese de que os FRBs poderiam ser o resultado de estrelas de nêutrons ultra densas interagindo com os planetas que as orbitam. A ideia é que esses planetas se aproximam tanto das estrelas em colapso altamente voláteis quando transcorrem em suas órbitas elípticas que começam a ser literalmente despedaçados, resultando em alongamento, distorção e fragmentos se espalhando pelo cosmos.

Depois que esses pedaços de planeta são “descolados”, o vento estelar lotado de partículas e radiação vomitado pela estrela de nêutrons pode interagir com eles e resultar em “emissões de rádio muito fortes”, disse Huang.

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Ao comparar as rajadas calculadas com dois repetidores conhecidos — o primeiro já descoberto, que se repete aproximadamente a cada 160 dias, e uma detecção mais recente, que se repete a cada 16 dias, a equipe descobriu que o cenário fragmentado do planeta poderia explicar com que frequência as explosões aconteciam e quão brilhantes elas eram.

“A forte força gravitacional da estrela sobre o planeta durante cada passagem próxima pode mudar sua órbita ao longo do tempo”, diz o astrofísico Wenbin Lu, da Universidade de Princeton, que não esteve envolvido no estudo de Huang, mas que também investiga possíveis cenários da FRB. “Em cada órbita, há alguma perda de energia do sistema. Devido às interações entre o planeta e a estrela, a órbita encolhe rapidamente”. 

Por esse motivo, segundo Lu, é possível que a órbita possa encolher tão rápido que os sinais da FRB não durem o suficiente para uma chance de detecção.

No entanto, Lu acredita que a mudança de órbita poderia dar aos astrônomos uma maneira de verificar o cenário proposto por Huang como uma fonte de FRB. “Observar a repetição dos FRBs ao longo de vários anos para rastrear quaisquer mudanças no tempo entre as explosões poderia dizer se essa hipótese poderia explicar as observações”, diz Lu. “Isso pode ser uma boa pista”.

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