Em nome da ciência, estamos ateando fogo na ISS

Em seis diferentes estudos, NASA vem acendendo chamas controladas a fim de entender como o fogo se comporta em microgravidade
Por Rafael Arbulu, editado por Jeniffer Cardoso 20/04/2022 13h02, atualizada em 21/04/2022 14h07
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Um dos aspectos mais legais da pesquisa científica é justamente a ideia de que, quando não conhecemos algo, queremos saber como é atear fogo nele. É justamente o que a NASA está fazendo na ISS: em seis investigações controladas, a agência espacial americana vem acendendo chamas na Estação Espacial Internacional a fim de estudar como o fogo se comporta em ambientes de microgravidade.

Mais engraçado ainda é o fato de que os seis estudos são parte de um projeto intitulado  “Advanced Combustion via Microgravity Experiments”, ou simplesmente “ACME”, em uma óbvia referência aos desenhos do Coiote e Papa-Léguas, onde o canino do deserto contratava artifícios de uma empresa com este nome para capturar seu intencionado jantar – não que a ACME tivesse um bom compliance, considerando a taxa de acertos de seu cliente

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Ao contrário dos antigos desenhos da Warner, a NASA parece contente com o que vem aprontando lá em cima: “esse conhecimento pode ajudar designers e engenheiros aqui na Terra a criarem fornos, usinas de energia, caldeiras e outros sistemas de combustão que serão mais eficientes, mais seguros e menos poluentes”, disse Dennis Stocker, cientista de projetos ACME no Centro Glenn de Pesquisas da agência americana.

A maior parte do projeto ACME, embora conduzido na ISS e em órbita, não usou o tempo dos astronautas que moram na estação. Ao invés disso, os experimentos foram isolados em um pequeno módulo dentro de uma área da ISS conhecida como Combustion Integrated Rack, durante quatro anos e meio. O material já foi removido e está em vias de voltar à Terra, mas deu lugar a…mais um experimento com fogo, desta vez chamado “SoFIE” (Solid Fuel Ignition and Extinction).

Stocker, no entanto, diz que esta segunda leva beberá da fonte de dados da primeira: “mais de 1,5 mil chamas foram acesas, mais que o triplo originalmente planejado”, disse o pesquisador. “Várias descobertas também foram obtidas, talvez mais notáveis nas áreas de chamas frias e chamas esféricas”.

As informações completas e papers sobre os experimentos devem sair em algum momento em 2022, quando o hardware do Projeto ACME chegar à NASA.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Jeniffer Cardoso
Redator(a)

Jeniffer Cardoso é formada em jornalismo pela Universidade Metodista de SP e trabalha na área desde 2004. Chegou ao Olhar Digital em 2021, para atuar na distribuição de conteúdo nas redes sociais.