“Caixa d’água” da Ásia está derretendo e pode afetar fornecimento de água para 2 bilhões de pessoas

Região também conhecida como “Terceiro Polo da Terra” apresenta desequilíbrio de oferta, com mais água ao norte e menos no sul
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 08/06/2022 11h30, atualizada em 08/06/2022 16h44
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Imagem: Yu Zhang/Shutterstock
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A região central do platô tibetano, conhecida como “Caixa d’água da Ásia” ou ainda “Terceiro Polo da Terra”, está perdendo seu gelo e isso deve afetar o fornecimento de água para até 2 bilhões de pessoas, de acordo com novo estudo feito pela ONG Third Pole Environment em parceria com a Universidade de St. Andrews.

O estudo, cujo título se traduz para “O Desequilíbrio da Caixa D’Água Asiática”, afirma que o aquecimento rápido da região alterou o equilíbrio entre a água congelada nas geleiras e a água líquida de lagos e rios, com mudanças atmosféricas alterando a forma como ambos são distribuídos.

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Região montanhosa do Tibet está enfrentando variação extrema entre gelo e água, o que deve gerar concentração de recursos no norte, e falta dele no sul, argumentam cientistas (Imagem: Lao Ma/Shutterstock)

“Esse desequilíbrio pode trazer um enorme desafio à oferta de recursos hídricos nas regiões ribeiras da área”, disse o professor Yao Tadong, co-autor do estudo e chairman da ONG.

Seu colega e co-autor, o Dr. Tobias Bolch, afirma que, na prática, o que vem acontecendo é a perda de muita água sólida e o ganho de muita água líquida. O problema é que, de acordo com a configuração da região montanhosa do Tibet, isso deve levar a um excesso de disponibilidade de água no norte, e um excesso não respondido de necessidade de água no sul.

E é na região sul onde vemos maior incidência de trabalhos agrícolas, como sistemas de irrigação.

“Como resultado, a disponibilidade sazonal de água mudará dos rios Indo e Amu Dária, reduzida em favor de um aumento dela nos rios Amarelo e Yangtze”, diz trecho do estudo. “Essa disparidade norte-sul provavelmente vai se amplificar com o avanço do aquecimento global no futuro”.

Os especialistas torcem para que o estudo sirva como material consultivo para que governos e entidades tracem planos de redução de impacto ambiental a fim de minimizar os efeitos dessa mudança, dada por eles como certa.

O material completo da pesquisa está disponível no site da revista Nature.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.