Na última quarta-feira (15), o Olhar Digital noticiou que cientistas chineses acreditam que o gigantesco telescópio “Olho do Céu” pode ter detectado sinais de seres alienígenas. No entanto, nem todos os envolvidos com o estudo concordam com essa conclusão. Um dos coautores tem outra explicação para o que foi captado – e isso nada tem a ver com contatos extraterrestres.

Ministério da Ciência e Tecnologia da China divulgou que o Telescópio Esférico de Rádio de Abertura de 500 metros (FAST), informalmente chamado de “Olho do Céu”, teria captado sinais alienígenas. Imagem: Ou Dongqu/Xinhua

Vamos, primeiro, relembrar a história. De acordo com o Diário de Ciência e Tecnologia, jornal oficial do Ministério da Ciência e Tecnologia da China, os pesquisadores encontraram “vários casos de possíveis traços tecnológicos e civilizações de fora da Terra”.

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Localizado em Guizhou, uma província montanhosa no sudoeste do país, o Telescópio Esférico de Rádio de Abertura de 500 metros (FAST), como é formalmente denominado, é o maior e mais sensível radiotelescópio do mundo, além de ser o único telescópio gigante de prato individual em todo o planeta. 

Capaz de detectar ondas de rádio fracas de pulsares e materiais em galáxias distantes, o equipamento custou US$ 171 milhões (algo em torno de R$ 872 milhões, na cotação atual), e vem trabalhando desde 2020 na busca por vestígios de vida extraterrestre.

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Até o momento, em parceria com cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, pesquisadores da Universidade Normal de Pequim (BNU) identificaram dois conjuntos de sinais captados em 2019 e processados em 2020, além de uma captação incomum feita este ano.

Conhecido como “o maior caçador de alienígenas da China”, o cientista-chefe da equipe de pesquisa de civilização extraterrestre (SETI) no departamento de astronomia da BNU, Zhang Tongjie, afirma que, desta vez, o FAST identificou “vários sinais eletromagnéticos de banda estreita diferentes do passado”. 

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“A possibilidade de que o sinal suspeito seja algum tipo de interferência de rádio também é muito alta, e precisa ser confirmada ou descartada”, disse Tongjie. “Este pode ser um processo longo”.

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Interferência de radiofrequência, não contato extraterrestre

Para Dan Werthimer, pesquisador do SETI na Universidade da Califórnia, em Berkeley, não existe nenhuma dúvida de que a origem dos sinais captados pelo Olho do Céu é a interferência de radiofrequência (RFI) na própria Terra.

“Os sinais que encontramos até agora são todos interferências de radiofrequência, não de extraterrestres, de terrestres”, disse Werthimer em entrevista ao site Futurism, explicando que a conclusão divulgada anteriormente é a da versão para pré-impressão do artigo, não revisada por pares, que faz parte dos estágios iniciais de uma pesquisa mais abrangente, que, segundo ele, ainda vai levar pelo menos cinco anos para ser concluída.

“A RFI é um grande problema ao olhar para esses sinais muito fracos. O problema é que quando você procura esses sinais muito fracos de uma civilização distante, você fica sobrecarregado com a poluição do rádio na Terra”, disse Werthimer. “Todas essas televisões, celulares e satélites agora estão deixando tudo cada vez pior e é difícil descobrir o que é interferência e o que pode ser de uma civilização distante”.

Apesar da conclusão um tanto “decepcionante”, o astrônomo não é cético quanto à possibilidade de vida inteligente fora da Terra, e continua esperançoso de que não estamos sozinhos no cosmos.

“Sou realmente otimista sobre a vida no universo”, disse ele. “Seria bizarro se fôssemos os únicos. Há um trilhão de planetas na galáxia Via Láctea, incluindo pequenos planetas rochosos como a Terra com água líquida. E essa é a nossa galáxia”, acrescentou. “Há 100 bilhões de outras galáxias, então estou otimista com a inteligência”.

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