Muitas pessoas questionam o motivo pelo qual pesquisadores do mundo inteiro insistem em querer saber se há vida inteligente no espaço, além da Terra. As causas para essa busca, na verdade, são as mais variadas possíveis. No entanto, para o astrônomo e professor da Universidade de Harvard, Abraham (Avi) Loeb, a resposta é simples: “Procuro vida inteligente no espaço porque é difícil encontrar na Terra”.

Abraham (Avi) Loeb, astrônomo e professor na Universidade de Harvard, defende que o objeto ‘Oumuamua é um sinal de vida alienígena. Imagem: Divulgação Universidade de Harvard

A curiosa e até engraçada declaração foi apenas um trecho de uma longa entrevista que Loeb deu à BBC News Mundo, mas que chamou inevitável atenção da mídia nesta quinta-feira (2). 

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Na publicação, o astrônomo fala não apenas sobre a importância de se buscar inteligência em outros lugares do cosmos, como também defende suas ideias controversas e polêmicas a respeito do misterioso objeto ‘Oumuamua.

Loeb está lançando neste ano o livro “Extraterrestre: O primeiro sinal de vida inteligente fora da Terra”, por meio do qual elucida ao público em geral sua tese de que ‘Oumuamua possa ser uma sonda enviada por uma civilização alienígena ou, ainda, resquício de algum artefato criado por extraterrestres.

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‘Oumuamua não deixa rastro de poeira e gás, como um cometa

Descoberto em 2017, o objeto de origem interestelar ‘Oumuamua é diferente de tudo o que já se viu: com 400 metros de comprimento e trajetória acelerada, ele não apresenta características consistentes que o classifiquem como cometa ou asteroide, e, até hoje, não existe consenso sobre sua categorização.

Por essas e outras razões é que, desde a descoberta desse corpo celeste, Avi Loeb já afirmou, repetidas vezes que, descartando a hipótese de origem extraterreste, não há outra explicação plausível para o objeto. Afinal, diferente dos cometas, o ‘Oumuamua não deixa um rastro de poeira e gases – então, o que explicaria sua aceleração?

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‘Oumuamua, que já não está mais em uma área observável, foi detectado em 2017. Crédito: Wikimedia Commons

“‘Oumuamua foi o primeiro objeto detectado proveniente de fora do Sistema Solar, e, de fato, parecia muito estranho. Tinha várias anomalias que me convenceram que poderia ser um artefato de uma civilização tecnológica”, disse Loeb à BBC.

Segundo o astrônomo, em 2020, o mesmo telescópio que detectou o ‘Oumuamua, identificou outro objeto, conhecido como 2020 SO, que se comportava de modo similar, e era o propulsor de um foguete construído em 1996. “Sabemos então que nós humanos construímos aquele objeto artificial. A pergunta é: quem produziu ‘Oumuamua? E a maneira de responder essa pergunta é que, se outro objeto se aproximar de nós, poderíamos detectá-lo cedo, seja com o telescópio Pan STARSS, ou o Observatório Vera C Rubin (que será concluído daqui a dois anos no Chile), por exemplo, e podemos lançar uma nave equipada com um uma câmera fotográfica que nos dirá se é um objeto artificial ou uma rocha”.

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Ele acredita que, talvez, seja possível aterrissar sobre o objeto, assim como fez a missão Osiris-Rex sobre o asteroide Bennu. “E poderíamos ver em qual planeta foi feito ou mesmo tentar trazê-lo à Terra, embora isso custe muito dinheiro”.

Descoberta de vida inteligente no espaço teria grande implicação na humanidade terrestre

Para o astrônomo, se suas teorias forem confirmadas, isso teria grande impacto sobre a humanidade. “Mudaria nossa perspectiva sobre nosso lugar no universo, nossas aspirações sobre o espaço, as relações entre nós, as relações internacionais, porque nos daríamos conta de que somos parte da espécie humana e de que há mais alguém lá fora”.

Loeb faz uma comparação com crianças que começam a vida escolar. “A melhor analogia que posso fazer é com minhas filhas. Em seu primeiro dia no jardim de infância, elas tiveram um choque psicológico, porque, antes, achavam que eram as mais inteligentes do mundo e que o mundo girava ao redor delas. Quando conheceram outras crianças e se deram conta que não era bem o caso, foi uma grande revelação”, disse. “Para que nossa civilização amadureça, precisamos encontrar outras”.

Ele explica o que quer dizer ao afirmar que procura vida inteligente no espaço porque muitas vezes não a encontra na Terra. “Ao longo da história da humanidade, vejo pessoas brigando entre si, tentando se sentir superiores, e isso tem tão pouco sentido no grande esquema do universo, porque todos somos tão insignificantes que não há por que tentarmos ser superiores entre nós. Poderíamos nos comportar de maneira muito mais inteligente antes de sermos admitidos no ‘clube da inteligência’, então, espero que a possibilidade de vida extraterrestre nos convença a agirmos juntos, para termos um futuro melhor que nosso passado”.

Ao ser questionado sobre o que ele acredita ser inteligência, o polêmico astrônomo respondeu: “Para mim, uma civilização inteligente é aquela que segue os princípios da ciência, ou seja, a cooperação e o intercâmbio de conhecimentos baseados na evidência”.

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