Em março de 2021, o vulcão Fagradalsfjall, na Islândia, entrou em erupção pela primeira vez em 6 mil anos, o que aconteceu 800 anos depois da última explosão vulcânica da região sudoeste do país insular.

As impressionantes imagens captadas por satélites encantaram o mundo inteiro, mas o episódio foi especialmente importante para os geólogos, representando uma oportunidade única de estudar magmas que foram acumulados em um reservatório a 20 km abaixo da crosta terrestre, oriundos do manto.

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A área tomada pela erupção de Fagradalsfjall vista de cima, com lava emanando de múltiplas aberturas. Para se ter uma ideia da imensidão do rio de magma, note o tamanho dos turistas na foto. Crédito: Alina V. Shevchenko e Edgar U. Zorn, GFZ Alemanha.

Uma equipe internacional de pesquisa formada por cientistas da Universidade de Oregon (EUA), da Universidade de Uppsala (Suécia), da Universidade da Islândia e do Centro Alemão de Pesquisas em Geociências (GFZ) aproveitou para coletar amostras diárias de lava a fim de construir um catálogo integrado de modelos e monitorar a evolução geoquímica da erupção com uma riqueza de detalhes raramente alcançada. 

Normalmente, os analistas de vulcões trabalham com uma visão limitada dos materiais em erupção — por exemplo, fluxos de lava mais antigos podem ser totalmente ou parcialmente enterrados por outros mais novos. 

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No entanto, em Fagradalsfjall, o episódio foi tão bem monitorado e sondado que os cientistas tiveram a chance de capturar a evolução de uma erupção vulcânica quase em tempo real.

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Magma de vulcão na Islândia surpreende especialistas

De acordo com um artigo publicado nesta quarta-feira (29) na revista Nature, que descreve o estudo, a equipe estava interessada, principalmente, em isótopos de oxigênio. O elemento compõe cerca de 50% de todas as rochas vulcânicas, e suas proporções de isótopos são traços muito sensíveis do manto e de materiais da crosta da Terra. Por isso, isótopos de oxigênio podem ajudar os cientistas a determinar se o magma é derivado do manto ou se interagiu com materiais da crosta enquanto se dirigia à superfície. 

Segundo o site Phys, a equipe observou que só esta erupção contém cerca de metade de toda a diversidade de magmas derivados do manto anteriormente registrados em toda a Islândia.

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Em resumo, os resultados geoquímicos mostram que a última erupção da Islândia foi fornecida por magmas derivados de múltiplas fontes no interior da Terra, cada uma com suas próprias características elementares distintas. Para fascínio dos pesquisadores, cada um desses domínios tinha proporções idênticas de isótopos de oxigênio. Esse resultado nunca foi observado antes em uma erupção ativa. 

Ao fornecer novas e convincentes evidências para magmas de origens distintas com proporções uniformes de isótopos de oxigênio, o estudo pode ajudar a entender melhor a dinâmica do manto da Terra e refinar modelos computacionais para análise da geologia da Islândia.

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