Um estudo publicado na última quinta-feira (30) na revista Scientific Reports aponta que os astronautas perdem tanta massa óssea quando permanecem por longos períodos no espaço que muitos deles não recuperam mesmo depois de um ano de volta à Terra

A falta de gravidade no espaço não exerce pressão suficiente sobre os ossos dos membros inferiores dos astronautas, levando à aceleração da perda óssea, que na Terra levaria anos para se desenvolver. Imagem: design36 – Shutterstock

Segundo os pesquisadores, isso é um fator de grande preocupação para os planos ambiciosos de futuras viagens de longa duração, como as missões planejadas para Marte.

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De acordo com o site Science Alert, os astronautas podem perder até 2% da densidade óssea por cada mês vivido no espaço, conforme apontam pesquisas anteriores. Isso se deve, principalmente, ao fato de que suas pernas e pés não sofrem a pressão da gravidade quando eles ficam em pé ou caminham.

Para descobrir como os astronautas se recuperam depois de pisar novamente em solo terrestre, o novo estudo monitorou os pulsos e tornozelos de 17 astronautas antes, durante e depois de uma estadia na Estação Espacial Internacional (ISS).

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“A densidade óssea perdida pelos astronautas é equivalente ao quanto se danificaria ao longo de várias décadas na Terra”, disse o coautor do estudo Steven Boyd, diretor do Instituto McCaig para Saúde Óssea e Conjunta da Universidade de Calgary, no Canadá.

Samantha Cristoforetti, Bob Hines, Kjell Lindgren e Jessica Watkins, quatro tripulantes da Expedição 67 na Estação Espacial Internacional. Astronautas que passam muito tempo no espaço ficam com sequelas devastadoras. Imagem: NASA

Segundo a pesquisa, a densidade da tíbia de nove dos astronautas não havia se recuperado totalmente após um ano na Terra – e ainda faltava cerca de uma década de massa óssea.

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Outro ponto observado pelos autores do estudo é que os astronautas que participaram de missões mais longas, que variaram de quatro a sete meses na ISS, foram os que mais demoraram para se recuperar. “Quanto mais tempo você passa no espaço, mais osso você perde”, disse Boyd à Agence France-Presse (AFP).

Segundo ele, não é possível prever como esse quadro pode evoluir. “É possível que alcancemos um estado estável depois de um tempo ou é possível que continuemos a perder massa óssea”.

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Para Guillemette Gauquelin-Koch, chefe de pesquisa de medicina da agência espacial francesa (CNES), a ausência de peso experimentada no espaço é a inatividade física mais drástica que existe. “Mesmo com duas horas de exercícios por dia, é como se você estivesse acamado pelas outras 22 horas”, disse a médico, que tem participação na nova pesquisa.

Alguns exercícios são melhores para reter a massa óssea do que outros, segundo o estudo. O chamado “levantamento terra” mostrou-se significativamente mais eficaz do que os aeróbicos como esteira ou bicicleta. Trata-se de uma atividade com pesos que desenvolve os músculos da região lombar, pernas, trapézio e glúteos. É um dos três exercícios-padrão do levantamento de peso básico, juntamente com o agachamento e o supino.

Boyd disse que os astronautas – que são pessoas em forma e têm, em média, 40 anos – não tendem a notar a drástica perda óssea. Para o astronauta canadense Robert Thirsk, que passou 204 dias no espaço, disse que seus ossos e músculos demoraram mais para se recuperar após o voo espacial. “Mas, em um dia de aterrissagem, já me senti confortável novamente como um terráqueo”, disse ele, em um comunicado que acompanha o artigo científico.

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