O que era uma suspensão agora virou uma demissão: a agência espacial europeia (ESA) confirmou o fim da participação da Rússia na missão ExoMars, que planeja lançar um rover na superfície de Marte para a busca de sinais de vida – antiga ou atual – ao final desta década.
A situação é basicamente uma oficialização de uma suspensão ocorrida em março de 2022, quando a ESA decidiu suspender relações com a Rússia (que vinha desenvolvendo parte da tecnologia da ExoMars) após o governo de Vladimir Putin, em fevereiro, invadir a Ucrânia em ato de guerra.
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Originalmente, a ESA lançaria o rover – chamado Rosalind Franklin – por meio de um foguete Proton a partir do cosmódromo Baikonur, e o pouso do veículo na superfície de Marte seria feito com o auxílio de um módulo chamado Kazachok.
Segundo o diretor da ESA, Josef Aschbacher, a decisão foi tomada em conselho deliberativo, avisando a seus seguidores no Twitter que os termos da suspensão ainda valiam. Aschbacher ainda prometeu mais informações sobre o futuro da missão para uma transmissão ao vivo agendada para a próxima quarta-feira (20).
Obviamente, já podemos prever algumas consequências dessa mudança: é improvável que, considerando a necessidade de se encontrar um novo parceiro para a produção de um foguete e uma base de lançamento, a missão ExoMars seja lançada em 2028, como anteriormente planejado.
Isso porque, com a Rússia, a missão ExoMars tiraria proveito e um alinhamento planetário entre Terra e Marte, que criaria condições ideais de trânsito para o planeta vermelho – esse alinhamento ocorre uma vez a cada 26 meses.
Vale lembrar, no entanto, que a exclusão da Rússia da ExoMars não implica em deixar de usar o material que já vinha sendo conduzido: devido à sua natureza de duas fases, a missão já lançou alguns aparatos tecnológicos pelos esforços russos – como a sonda Trace Gas Orbiter (TGO), que saiu do cosmódromo e chegou à órbita de Marte em outubro de 2016 e segue estudando a superfície do planeta vermelho.
A ESA não é a primeira a excluir a Rússia de seus projetos espaciais: desde que a guerra começou, propulsores de foguete de fabricação russa não são mais vendidos a empresas norte-americanas, e a empresa aeroespacial francesa Arianespace dissolveu a parceria com o país, que a via usar os foguetes Soyuz em alguns lançamentos de satélites.
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