O curioso Peixe-zebra é capaz de regenerar as células do coração, indica um novo estudo publicado na Nature Genetics. Antes já era conhecida a habilidade do animal de regenerar o tecido da retina dos olhos. Agora, no entanto, foi revelado que esse mecanismo pode ser usado para um órgão vital do corpo do peixe.

O biólogo e um dos autores da pesquisa, Jan Philipp Junker, foi em busca de entender como esse pequeno peixe consegue realizar esse grande feito. Enquanto os seres humanos, quando acometidos por alguma lesão cardíaca, perdem densidade muscular na região afetada e substituem aquele tecido perdido por tecido conjuntivo (popularmente conhecido como fibrose), que tornam o coração mais fraco do que antes; o Peixe-zebra, é capaz de reconstituir 20% do tamanho de seu coração em até dois meses após a lesão cardíaca.

Leia mais:

O que esse novo estudo sugere é que os fibroblastos (células que formam o tecido das fibroses) são os condutores do processo de regeneração do Peixe-zebra, pois produzem proteínas que atuam como sinais reparadores.

publicidade

Segundo o biólogo, foram isoladas as células afetadas do peixe para extrair informações genômicas e detectar quais ainda estavam ativas no tecido danificado. Com isso, descobriu-se que três tipos de fibroblastos ativados, que promovem o crescimento do tecido conjuntivo, entrar temporariamente no tecido.

Quando os pesquisadores ‘silenciaram’ esses genes no Peixe-zebra, seu coração não pode mais se regenerar.

Pesquisas anteriores com o zebrafish mostraram que os macrófagos (células imunológicas) respondem rapidamente a ataques cardíacos e são necessários para a regeneração do coração. Outra descoberta feita a partir desse estudo está relacionada com o epicárdio (tecido externo do coração), que também atua como um centro de regeneração.

Outro autor do estudo, o também biólogo Bastiaan Spanjaar, diz que “a regeneração do coração é um processo complexo que é influenciado por muitas coisas diferentes”.

Embora o sequenciamento celular seja amplamente utilizado e forneça diversos detalhes sobre a atividade das células, serão necessárias mais pesquisas para validar os resultados do estudo em outros organismos modelo. Ainda não está claro se os mesmos mecanismos dos fibroblastos são encontrados em mamíferos, como humanos e camundongos.

Outras pesquisas com células cardíacas

Essa descoberta faz parte de esforços promissores na medicina regenerativa, que visa substituir ou reparar corações danificados através da terapia celular, com base em medicamentos que imitam moléculas encontradas no Peixe-zebra.

Dentre outros esforços, os cirurgiões no início deste ano implantaram um coração de porco em um paciente humano pela primeira vez (infelizmente, o paciente faleceu dois meses após o procedimento).

Em maio, também foram identificadas células humanas que ajudam o coração a se recuperar após um ataque cardíaco. Em junho, os cientistas curam um coração de camundongo de um ataque cardíaco, com uma técnica de RNA mensageiro, que envia instruções genéticas para as células do músculo cardíaco repararem a si mesmas.

Com o tempo, e encontrando resultados mais robustos e representativos para seres humanos, estudos como esses podem ajudar a evitar eventos cardíacos posteriores que se tornam mais perigosos após o primeiro ataque.

Via: Science Alert