Se você deseja engravidar, é bom prestar atenção na alimentação antes mesmo da concepção. Um novo estudo observou que uma dieta rica em açúcar e gorduras, como fast food, antes da gravidez pode afetar negativamente o leite materno e a saúde do bebê.
Cientistas do Laboratório Sferruzzi-Perri do Centro de Pesquisa de Trofoblastos da Universidade de Cambridge e do Departamento de Promoção da Saúde da Mulher e do Recém-nascido da Universidade do Chile em Santiago realizaram as pesquisas. Elas foram publicadas pela revista Acta Physiologica.
Leia mais:
- Desnutrição no Brasil: índice é maior entre meninos negros, aponta levantamento
- Crianças com sobrepeso podem ter puberdade antecipada, aponta pesquisa
- Alimentação do bebê: confira 12 passos para uma introdução alimentar saudável
O estudo usou camundongos e observou que o consumo de fast foods, mesmo em um período curto, afetou a capacidade de produzir leite materno nutricional após o parto. Assim, o bem-estar do recém-nascido é afetado e mãe e bebê podem desenvolver doenças cardíacas, derrame e diabetes no futuro.
E, vale destacar, o problema não é só relacionado aquelas pessoas com sobrepeso ou obesidade. Mães que parecem ter um peso saudável podem sofrer de maneira silenciosa, como o fígado gorduroso, podendo levar à cirrose e insuficiência hepática. Os alimentos processados também são uma forma de aumentar a gordura e o açúcar.
O impacto de uma dieta com alto teor de açúcar e gordura podem não ser perceptíveis no caso de mulheres que não veem alteração no peso, destacou Amanda Sferruzzi-Perri, professora de fisiologia fetal e placentária, coautora principal do estudo e membro do St John’s College, em Cambridge.
“Elas podem ter maior adiposidade – níveis mais altos de massa gorda – o que sabemos ser um preditor de muitos problemas de saúde. Isso pode não afetar abertamente sua capacidade de engravidar, mas pode ter consequências para o crescimento do bebê antes do nascimento e a saúde e o bem-estar do bebê após o nascimento”, disse.
Diferente de estudos anteriores, que recriaram a obesidade nos camundongos, a pesquisa atual alimentou os animais com processados de alto teor de gordura, como leite condensado, durante três semanas antes da gravidez, três semanas da gestação e após o nascimento. A ideia era imitar o conteúdo nutricional de um fast food com hambúrguer, batatas fritas e refrigerante.
Essa dieta rica em açúcar e gordura a curto prazo impactou na sobrevivência dos filhotes de camundongos logo após o nascimento. A qualidade do leite também não foi das melhores por causa da alimentação das mães, afetando as proteínas necessárias aos filhos.
Assim, o estudo aponta que mulheres que desejam engravidar sejam educadas sobre uma alimentação saudável e equilibrada mesmo antes da gestação. Outra preocupação, citada por Sferruzzi-Perri, é como a pobreza e a desigualdade levam tantas pessoas a alimentos rápidos e processados.
“Custa muito dinheiro comprar comida saudável, comprar frutas e verduras frescas, comprar carne magra. Muitas vezes, a opção mais fácil e barata é ter os alimentos processados, que tendem a ser ricos em açúcar. Com o aumento do custo de vida, as famílias já carentes estão mais propensas a comer alimentos de baixo valor nutricional, porque têm menos dinheiro no bolso”, avaliou.
Ela concluiu destacando as implicações na saúde e bem-estar do filho. “Também sabemos que isso não ocorre apenas no período imediato após o nascimento, pois dietas não saudáveis podem levar a uma vida inteira risco de diabetes e doenças cardíacas para a criança a longo prazo. Portanto, essas dietas podem realmente criar um continuum de impactos negativos na saúde, com implicações para as gerações subsequentes”, completou a professora.
Via: Medical Xpress
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!
Tags: