Com o crescimento da indústria espacial, o acúmulo e – eventualmente – a queda de detritos espaciais da órbita terrestre causam preocupações. Na última semana, houve a reentrada descontrolada do foguete Long March 5B, da China, sobre a Malásia, e a queda de algumas partes de naves espaciais da missão Crew-1, da SpaceX, na região de Nova Gales do Sul. Ambos acontecimentos caíram em locais imprevistos pelos cientistas.

Enquanto os três foguetes Long March 5B, lançados pela China, foram deixados sem controle na órbita da Terra, os destroços da SpaceX eram monitorados e, teoricamente, deveriam queimar após a reentrada na atmosfera terrestre, porém, nem sempre as coisas saem como planejado.

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Nesse momento, surge o questionamento: será que esses detritos podem atingir cidades ou pessoas? Será que eles são capazes de danificar estruturas? Como prever e controlar?

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Com mais objetos indo e voltando do Espaço, e empresas e agências espaciais em todo o mundo em plena expansão, as chances de alguém ou algo ser atingido aumentam, principalmente quando não há controle dos objetos grandes que orbitam a Terra, como no caso dos foguetes chineses.

Primeiro caso registrado

Em 1997, a norte-americana Lottie Williams foi atingida por uma objeto espacial do tamanho da mão dela, em Oklahoma, nos Estados Unidos. Na época, ela levou o material para as autoridades do país e eles concluíram que se tratava de uma parte do foguete Delta II. Lottie teve sorte, pois, segundo as estimativas feitas pelos cientistas, a chance de qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, ser atingida por detritos espaciais está na ordem uma em 10 mil. As chances de uma pessoa em particular ser atingida é de uma em 1 trilhão.

Há muitas variáveis por trás dessas estimativas. Os cientistas observam que as chances de objetos espaciais caírem em áreas possivelmente habitadas é de 20%, número que parece bem alto. Mas, ao considerar áreas com densidade populacional significativa, que são realmente habitadas, a probabilidade de lesão ou morte é bem menor.

É muito desafiador prever em qual ponto da atmosfera um objeto com órbita descontrolada vai entrar. Atualmente, a regra geral aponta que o tempo estimado de reentrada dos objetos varia de 10% a 20% do tempo orbital restante, ou seja, um resíduo com previsão de entrada em dez horas terá uma margem de incerteza de uma hora, o que permite que ele entre em praticamente qualquer ponto do globo. Os cientistas ainda tentam diminuir essa margem de incerteza através de inúmeras pesquisas para que ela fique mais assertiva. Ainda assim, é improvável que seja possível ter uma precisão dentro de um alcance de 1.000 km.

Algumas possibilidades para reduzir os riscos gerados pelos detritos espaciais

Sendo assim, reduzir o risco é uma das opções. Todos os objetos lançados na órbita da Terra precisam ter um plano de despoluição segura em uma área não povoada. Geralmente, essa área está localizada no Oceano Pacífico e é conhecida como SPOUA (South Pacific Ocean Uninhabited Area) ou cemitério de naves espaciais.

Outra maneira de promover a redução do risco é projetar as peças das naves espaciais e satélites para que sejam desintegradas completamente ao atingirem a atmosfera superior. As Nações Unidas para Sustentabilidade de Longo Prazo das Atividades Espaciais Exteriores disponibilizaram algumas diretrizes sobre esse assunto, mas elas são pouco específicas. Além disso, é difícil garantir que essas regras sejam aplicadas internacionalmente, dadas as especificidades de cada país.

Por isso, é importante que o setor espacial se debruce sobre esse importante tema para que nenhum evento inesperado aconteça nos próximos anos. Portanto, não se preocupe em ser atingido por um detrito espacial, as chances são bem baixas, por enquanto.

Via: Space.com

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