Algumas pesquisas já indicaram que o consumo de certos alimentos pode alertar o sistema imunológico do corpo, causando crises de dermatite atópica, também conhecida como eczema. Não apenas comidas, mas ambientes, poluentes, fragrâncias e até estresse podem ser um gatilho para as famosas coceiras

Em um novo levantamento, publicado recentemente no The Journal of Allergy and Clinical Immunology: In Practice, cientistas da Universidade McMaster, no Canadá, contribuíram para a pesquisa coletiva sobre eczema e gatilhos alimentares e reafirmaram que a eliminação de alguns alimentos pode, sim, ajudar a melhorar os sintomas da inflamação cutânea, porém, os benefícios podem ser mínimos diante de alguns riscos.

Dermatite atópica: eliminação de alimentos pode aliviar sintomas, mas há riscos. Imagem: kenary820/shutterstock

De acordo com a análise, os pesquisadores descobriram que cerca de 50% das pessoas com eczema melhoraram seus sintomas ao eliminar laticínios, ovos e trigo. A equipe também destacou a importância de continuar os tratamentos prescritos por médicos, já que 41% dos participantes melhoraram seus sintomas continuando o tratamento padrão sem precisar alterar sua dieta. 

Diversas outras pesquisas já mostravam o laticínio (alimentos que inclui leite) como um forte gatilho para alergias alimentares. Nozes, ovos e trigo também são corriqueiramente apontados. 

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O conflito da eczema

De acordo com o Dr. Derek Chu, professor assistente de medicina da Universidade McMaster e principal autor do novo estudo, a influência da dieta na dermatite atópica é complexa e o uso da eliminação da dieta como tratamento tem visões historicamente conflitantes. 

Em entrevista ao Medical News Today, o pesquisador explicou que muitos médicos questionam as consequências das práticas de dietas sem supervisão. “Alguns pacientes acharam as abordagens atuais para discutir preocupações dietéticas com seus prestadores de cuidados inúteis, o que, por sua vez, levou a eliminações alimentares não supervisionadas e potencialmente prejudiciais”, contou. 

Outro ponto, ainda mais complexo, é a relação do leite com crianças – principalmente sendo elas as mais afetadas pelo eczema. “O leite está entre os alérgenos mais comumente suspeitos em bebês e crianças. Os laticínios, em geral, são um alimento comum em todas as idades, o que provavelmente contribui para que pacientes e cuidadores o associem a surtos de dermatite atópica.”  

Contudo, pesquisas mostram que níveis baixos ou falta de vitamina D – que é encontrada em produtos lácteos de vaca – podem levar ao aumento dos sintomas de dermatite atópica. Ou seja, consumir o leite pode desencadear a alergia e não consumir o leite pode derrubar os níveis de vitamina D, sendo sua ausência também associada à alergia. 

Dermatite atópica: eliminação de alimentos pode aliviar sintomas, mas há riscos. Imagem: Aisylu Ahmadieva/shutterstock

Chu ressaltou, no entanto, que nenhuma intervenção tem o intuito de prejudicar, sendo o objetivo a melhora dos sintomas. Assim, “os benefícios para a saúde, os danos e as implicações práticas da eliminação na dieta devem ser cuidadosamente ponderados” e acompanhados por um médico especialista. 

“Quase todos os pacientes que sofrem de eczema consideram uma estratégia dietética e agora têm algumas evidências concretas para pendurar o chapéu”, continuou o autor do estudo. “Nossos dados mostram que fazer dieta não mudará o jogo para o eczema; pode melhorar modestamente, mas as dietas também têm desvantagens importantes que devem ser consideradas antes de seguir uma dieta.” 

Para a Dra. Angela J. Lamb, professora associada de dermatologia da Escola de Medicina Icahn no Monte Sinai, em Nova York, ao MNT, mais estudos baseados na genética de cada indivíduo devem ser feitos, assim será possível medir com precisão o que funciona ou não para cada paciente com mais assertividade. 

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