Pesquisadores estão mais próximos de entender um fenômeno peculiar: o mar leitoso. Ele torna as águas do mar aberto fluorescentes e com cor semelhante a do leite, durante à noite. Durante uma expedição pelo Oceano Índico, no convés do iate Ganesha, Naomi McKinnon viu o mar se iluminar.

Segundo o relato fornecido pela tripulante, para a BBC, “o mar estava iluminado como se houvesse grandes projetores de luz debaixo d’água […], e as ondas na proa eram pretas, o que foi uma experiência arrepiante, porque normalmente as ondas na proa são sempre brancas e o mar é preto.”

publicidade

Leia mais:

O fenômeno dos mares leitosos foge às explicações e são poucos os relatos e as pesquisas realizadas em cima desse tema. É possível encontrar alguns na leitura marítima e na ficção, porém, poucas pessoas entraram em contato com esse evento.

publicidade

Naomi conta que “visualmente parecia que o barco flutuava mais alto que o usual e que estávamos navegando por um campo de neve que resplandecia com o brilho da Lua”. Assim que chegou em terra firme, ela buscou saber mais sobre o assunto e encontrou um relatório do especialista em observação da Terra, da Colorado State Universoty, Steve Miller.

Relatório sobre mares leitosos

O documento de Miller descrevia um evento semelhante na costa de Java, no Oceano Pacífico, registrado via satélite. Em entrevista a BBC, o especialista disse que “gostaríamos de ter dados da água para comprovar o que vimos do ar, mas era difícil entrar em contato com barcos ou pessoas que pudessem ter testemunhado alguma coisa. Então assumimos o risco calculado de publicar o trabalho com a esperança de encontrar alguém que o tenha visto”.

publicidade

Quando o pesquisador entrou em contato com o relatório do iate Ganesha, ele ficou eufórico, pois aquela era “a primeira confirmação visual de que nossa nova geração de sensores de satélites pode detectar de mares leitosos de forma autônoma”.

Miller contatou o biólogo marinho Kenneth Nealson, que há muito colabora nos estudo dos mares leitosos. Em contato com as evidências, o biólogo identificou outro detalhe importante: antes do evento ao sul de Java, havia uma enorme proliferação de algas na área.

publicidade
Comparação entre as fotografias feitas em Java e pela expedição do iate Ganesha. Foto: Steven Miller, Leon Schommer e Naomi Mckinnon

Bactérias bioluminescentes podem ser parte da resposta

Nealson suspeitou que poderiam ser bactérias bioluminescentes que produziam aquele efeito no mar. De acordo com a declaração do especialista, o brilho emitido por essas estruturas é para atratir peixes que se alimentam de algas durante à noite, pois o objetivo dessas bactérias é colonizar o intestino desses animais. “A maioria dessas bactérias que são capazes de brilhar são as E.coli do mar, são as bactérias intestinais dos peixes”, declarou Nealson.

O biólogo marinho complementa ao dizer que “no oceano, se elas [as bactérias] podem encontrar uma partícula de proteína, digamos, um plâncton morto, e fazê-la brilhar, isso convém porque no oceano o brilho é um sinal de que há algo bom para comer.” Segundo ele, uma única partícula não seria capaz de provocar um efeito visual com a magnitude detectada pelas observações, “mas uma floração enorme vai sobrecarregar seu apetite, e essa pode ser a razão para que o mar comece a brilhar”.

Nesse caso, são centenas de trilhões de partículas, todas brilhando ao mesmo tempo, mescladas com a água e conferindo essa aparência de brilho uniforme. Uma placa de Pétri marinha. Miller acredita que a compreensão desse fenômeno passa pelo caminho descrito por Nealson. Entretanto, ele reconhece que ainda há incógnitas para resolver.

Via: BBC

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!