O que aconteceria com o mundo caso ocorresse uma guerra nuclear? Um grupo de cientistas de todo o mundo observou alguns cenários que poderiam se desenrolar, em relação ao fornecimento de alimentos, após um conflito nuclear entre estados em guerra.

Para compreender essa variável, os cientistas ignoraram propositalmente os efeitos diretos e imediatos do lançamento de bombas nucleares, e analisaram a taxa de mortalidade gerada pela escassez de víveres que poderia acabar com a população mundial.

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Para isso, eles utilizaram o Modelo do Sistema Comunitário do Sistema Terrestre do Centro Nacional de Pesquisas Atmosféricas para prever como seriam os padrões climáticos diante da presença de fuligem e poeira oriundas das explosões. Esse modelo foi utilizado para observar os dados sobre os rendimentos das plantações e preservação de estoques marinhos, submetidos às mudanças na temperatura da superfície, luz direta e difusa, e precipitação geradas pelos eventos nucleares.

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Os resultados não foram favoráveis. Caso ocorressem 100 detonações, seriam despejadas na atmosfera, aproximadamente 5 milhões de toneladas métricas de partículas. Os incêndios catastróficos que ocorreram nas florestas da Califórnia, em 2017, e da Austrália, em 2019, produziram um 1 milhão de toneladas cada.

As consequências são alarmantes

Dentre as consequências observadas nesse cenário, está a redução de 8% no consumo de calorias pelas pessoas, com até 255 milhões de indivíduos sucumbindo à fome nos anos seguintes. É como se o Brasil inteiro perecesse. Caso sejam feitos ajustes na forma como as pessoas se alimentam, algumas comunidades podem acumular mais em seus pratos, elevando a ingestão calórica em até 5%.

À medida que mais bombas nucleares são lançadas, a fuligem no ar cresce, o que torna ainda mais difícil encontrar maneiras de medir os recursos alimentares. Portanto, uma guerra com milhares de bombas adicionaria 150 milhões de toneladas métricas de partículas e poeira à atmosfera terrestre e privaria o mundo de três quartos de suas calorias.

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Imagem: Milan Sommer – Shutterstock

O acesso pronto a um suprimento de alimentos dependeria de onde uma população vive. Em um cenário onde 250 explosões nucleares jogam 27 milhões de toneladas métricas de material no ar, altas latitudes no Hemisfério Norte veriam uma queda de mais de 50% nas calorias colhidas, e cerca de 20 a 30% de declínio nas reservas de pesca. Entretanto, para países mais próximos do Equador, a redução média das calorias seria inferior a 10%.

De acordo com o observado no conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o comércio de alimentos seria certamente interrompido. Nações dependentes de alimentos enviados de outros lugares precisariam se ajustar rapidamente.

O impacto na produção de alimentos poderia ser menor em outros países

Enquanto para alguns países o efeito é devastador, para outros pode não ser tão ruim quanto parece. De acordo com a pesquisa, as consequência na alimentação de povos que não dependem de culturas, como o arroz, é menor. A Austrália, por exemplo, poderia obter pelo menos metade de suas calorias a partir do trigo germinado na primavera. As simulações conduzidas pelos pesquisadores descobriram que esta cultura experimentaria uma queda mínima no rendimento, ou talvez até mesmo um ligeiro ganho.

Nesse caso, outras variáveis relacionadas com os alimentos precisam ser levadas em consideração. Os autores pontuam que “se esse cenário realmente ocorresse, a Austrália e a Nova Zelândia provavelmente veriam um fluxo de refugiados da Ásia e de outros países que sofrem insegurança alimentar”.

Além disso, com a perda de ozônio e a morte de polinizadores, recursos gerenciados e não gerenciados sofreriam severas consequências, que poderiam resultar em um aumento na taxa de mortalidade.

Esses resultados hipotéticos precisam estar no radar dos líderes das nações nucleares, afinal, qualquer medida nesse sentido pode ter consequências devastadoras e irreparáveis para o mundo.

Via: Space Alert

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