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Uma criança morreu nos EUA com a suspeita de ter contraído meningoencefalite amebiana primária (PAM, na sigla em inglês). O caso aconteceu esta semana e testes estão sendo realizados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para confirmar a causa da infecção, segundo informou Lindsay Huse, diretora do Departamento de Saúde do Condado de Douglas, à rede de TV norte-americana NBC.
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Conhecida como o parasita oportunista Naegleria fowleri, nome científico, a doença causa dores de cabeça, náuseas, vômitos e torcicolo. A morte pode ocorrer a partir do inchaço no cérebro, já que a ameba inflama a região e as meninges, destruindo o tecido cerebral. A meningoencefalite amebiana primária é uma infecção do sistema nervoso central considerada rara e geralmente fatal.
“No momento, estamos apenas pedindo ao público que esteja ciente e tome precauções quando estiver exposto a qualquer fonte de água quente e doce”, declarou Huse em entrevista.
Detalhes sobre o caso não foram divulgados em respeito à família, contudo, Lindsay explicou que a criança provavelmente contraiu o protozoário no rio Elkhorn, onde foi nadar. Os sintomas começaram cerca de cinco dias depois e a criança foi hospitalizada.
“A morte ocorreu 10 dias depois que a criança havia nadado no rio”, declarou à NBC Kari Neemann, consultora médica do condado de Douglas.
De acordo com informações do UOL, se o caso for confirmado, este será o primeiro registro de morte causada por Naegleria fowleri na história de Nebraska, conforme afirmou o Departamento de Saúde e Serviços Humanos do estado.
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O que são amebas?
Amebas, ou amoebas, são protozoários unicelulares que vivem em água doce e morna, mas também podem ser encontradas em piscinas com tratamento de cloro inadequado, em torneiras com água quente e no solo. A contaminação geralmente ocorre pelo contato com alimentos, mãos e unhas infectadas, fezes e água contaminadas. No caso da conhecida “ameba comedora de cérebro”, a transmissão acontece apenas pelo contato da água com o nariz, caminho viável para o cérebro.
Dados do CDC apontam que cerca de três pessoas são infectadas a cada ano nos EUA pela Naegleria fowleri, e geralmente acabam morrendo. Entre 1962 e 2017, 143 pessoas no total contraíram o organismo celular, apenas quatro sobreviveram. Autoridades de saúde americanas acreditam que a causa da proliferação seja o aumento das temperaturas do ar e da água, consequências das mudanças climáticas.
Em setembro de 2018, outro caso, no Texas, também chamou atenção. A vítima foi um surfista que também teve, além dos sintomas conhecidos, confusão mental; ele morreu poucos dias após contrair a infecção. Apesar da incidência no país americano, casos na Argentina e Espanha também já foram registrados.
Tem ameba comedora de cérebro no Brasil?
Ainda segundo a BBC, no Brasil, estudos da década de 80 indicaram registros de cinco casos da infecção no país. Mas, segundo o parasitologista Danilo Ciccone Miguel, professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp, os dados disponíveis não permitem afirmar com convicção que eles foram decorrentes da Naegleria fowleri.
“O caso descrito e confirmado por métodos imunológicos para detectar a presença da ameba em cortes de cérebro foi de um paciente no Rio de Janeiro e realizado post-mortem. Não há artigo para este relato, apenas uma descrição do caso foi publicada em uma conferência no Colorado, Estados Unidos, em 1983”, disse o especialista à BBC News Brasil.
“A demora no diagnóstico aliada à rápida evolução da doença torna a confirmação da etiologia (o estudo das causas) bastante complicada. Logo, acredita-se na subnotificação de casos não só no Brasil, como no mundo todo.”
O pesquisador destacou que amostras coletadas em piscinas e lagos artificiais em Porto Alegre e Rio de Janeiro, no entanto, já detectaram a presença de diferentes amebas que podem causar outros tipos de doenças no homem. É o caso das acantamebas, que podem gerar ceratite (inflamação da córnea), encefalite (levando à inflamação e inchaço do cérebro) e infecções na pele.
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