Um recente estudo descobriu que a substituição do sangue de camundongos com Alzheimer pode reduzir os níveis dos marcadores cerebrais da doença, melhorando, por exemplo, o principal sintoma da condição; a falha de memória. Publicado no Psiquiatria Molecular, a pesquisa trocou o sangue de um rato mais velho e doente pelo sangue de um mais jovem e sem Alzheimer; os resultados sugeriram que essa manipulação pode ajudar em futuros tratamentos.
Beta-amilóides no sangue
Uma das características do desenvolvimento de Alzheimer é o acúmulo anormal da proteína beta-amilóide em depósitos, conhecidos como placas, no cérebro. Especialistas consideram esses agregados responsáveis pelos danos às células cerebrais, que resultam nas falhas de memória, dificuldades para completar tarefas simples, mudanças de humor, confusão, etc.
Alguns beta-amilóides conseguem atravessar a barreira hematoencefálica, passando do cérebro para o sangue e do sangue para o cérebro. A proteína é decomposta em órgãos como rins e fígado, o que explica sua presença no sangue.
A troca de sangue
De acordo com o estudo, divulgado pelo Medical News Today, a equipe realizou testes conectando cirurgicamente a circulação sanguínea de um camundongo do tipo selvagem (sem modificações ou Alzheimer) com a de um modelo de camundongo com Alzheimer, ou seja, realizando uma troca de sangue. O procedimento foi realizado uma vez por mês durante 10 meses.
Os pesquisadores concluíram que o tratamento de troca de sangue diminuiu a taxa de crescimento da placa em alguns e preveniu o acúmulo em outros. Se viável em humanos, o método pode atrasar ou até interromper a progressão da doença.
O grupo também testou isolar a proteína beta-amilóide no sangue usando anticorpos que não podem atravessar a barreira hematoencefálica; os resultados foram os mesmos.
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Essa troca de sangue é possível em humanos?
Segundo o professor de neurologia da McGovern Medical School e principal autor do estudo, Dr. Claudio Soto, o procedimento pode ser adaptado, mas mais estudo são necessários para caracterizar os componentes do sangue e identificar os mecanismos subjacentes ao impacto do tratamento de troca de sangue na memória e nas placas beta-amilóides.
“Estudos em modelos de camundongos são necessários como um primeiro passo para analisar a eficácia de uma estratégia terapêutica, claro. [mas] ratos não são humanos, então precisaríamos mostrar que nossa abordagem funciona na ‘vida real’ com ‘pacientes reais’”, explicou.
“A troca de sangue total – como fizemos neste estudo – não é viável em humanos [como tal], mas existem duas tecnologias atualmente na prática médica comum que podem funcionar: plasmaférese e diálise sanguínea. Atualmente, estamos adaptando essas técnicas para estudos com camundongos e, se obtivermos resultados positivos, o próximo passo será iniciar alguns ensaios clínicos em humanos afetados pela doença de Alzheimer”, concluiu o pesquisador.
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