Recentemente, o primeiro caso de transmissão de varíola dos macacos de humano para um cachorro foi relatado em um estudo publicado na The Lancet. A hipótese é que o animal tenha sido infectado pelos donos, que foram diagnosticados com a doença. O caso acendeu um alerta aos ‘pais’ de pet, e também gerou muitas dúvidas. 

Já é sabido que a varíola dos macacos é uma zoonose, ou seja, doença que pode ser transmitida entre animais e humanos. Contudo, ainda não haviam evidências de casos em cães ou gatos, inclusive, conforme explica o artigo mencionado, “ainda não se sabe se gatos e cães domesticados podem ser um vetor para o vírus da varíola dos macacos”. 

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Contudo, baseado em informações do Medical News Today, separamos alguns pontos fundamentais que você precisa saber para se proteger e também proteger seus animais. 

Primeiro caso de varíola dos macacos é relatado em um galgo italiano. Imagem: shutterstock (cachorro da raça galgo)

Quais os sintomas da varíola dos macacos? 

Monkeypox é uma infecção viral da mesma família do vírus da varíola comum, assim, os sintomas podem ser semelhantes, mas geralmente não tão graves. Neles incluem:  

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  • febre 
  • dores musculares 
  • fadiga 
  • dores de cabeça 
  • dor nas costas 
  • gânglios linfáticos inchados 
  • erupções ou bolhas em diferentes áreas do corpo  

A transmissão da doença ocorre por contato próximo com as lesões, fluidos corporais e gotículas respiratórias de pessoas ou animais infectados (o que inclui os beijos). Apesar de, atualmente, grande parte dos casos estarem concentrados entre homens que fazem sexo com homens, ainda está sendo investigado se a transmissão ocorre mesmo por relação sexual. 

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Os sintomas e transmissão são os mesmos em cachorros? 

De acordo com o Dr. Richard Silvera, diretor associado do programa da Infectious Diseases Fellowship e professor assistente de medicina (doenças infecciosas) na Icahn School, ao MNT, sim, os animais podem manifestar os mesmos sintomas e o mesmo processo de transmissão.  

“Imagino que se você tivesse uma lesão na mão e acariciasse seu cachorro, teoricamente poderia infectar o cachorro dessa maneira. Ou se você tem lesões no corpo, você dormiu em uma cama, e aí o cachorro também dormiu naquela cama, isso seria uma forma de transmissão. E o relatório observou que o cachorro dormiu na cama com os pacientes infectados, então pode ter sido assim que o cachorro o contraiu.” 

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Imagem: shutterstock/veres szilard

Segundo a Dra. Lori Teller, presidente da American Veterinary Medical Association, também ao MNT, o caso pode ainda ocorrer não apenas com cães de estimação, mas com qualquer outro animal – como coelhos ou gatos. 

“Em condições experimentais, coelhos e camundongos – mas não porquinhos-da-índia e hamsters – desenvolveram sinais de varicela após exposição oral e intranasal ao vírus. Coelhos jovens (de 10 dias de idade) também parecem capazes de transmitir o vírus a outros coelhos. Se os gatos são suscetíveis não é claro. No entanto, dadas as evidências disponíveis sobre outros ortopoxvírus, seria prudente assumir que os gatos podem pegar varíola dos macacos e, portanto, tomar as medidas apropriadas para prevenir a infecção ou a propagação da doença”, afirmou a veterinária. 

Mais especificamente sobre os sintomas, os animais podem ter febre, tosse, olhos avermelhados, coriza, letargia, falta de apetite e erupções na pele. Mesmo que o pet não tenha sido exposto ao vírus (alguém contaminado), é importante que a qualquer sinal incomum ele seja levado ao veterinário, já que pode se tratar de outro problema, visto que os sintomas são comuns e estão presentes em várias outras condições de saúde. 

Vale acrescentar que, de acordo com informações do jornal Estadão, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA já recomendava o distanciamento social de animais próximos a pessoas e outras espécies infectadas com monkeypox (vírus da varíola dos macacos). As recentes evidências apenas reforçam as medidas e agora inclui, oficialmente, os cães no grupo de animais que estão suscetíveis ao vírus. 

Cachorro em consulta veterinária (saúde animal). Imagem: shutterstock/Andy Gin

Como proteger seu animal da varíola dos macacos? 

Embora a transmissão de pessoa para pessoa seja uma coisa para se preocupar, agora a população também precisa estar atenta a transmissão aos seus animais. Segundo orientação do Dr. Silvera, os métodos de proteção contra a doença ou em caso de já estar infectado são os mesmos entre humanos e animais. 

“Se você tem varicela e está convivendo com outras pessoas ou com outras criaturas como animais, tente se isolar completamente dos outros, então não compartilhe lençóis, não compartilhe uma cama, mesmo com um cachorro ou um gato. Eu não os deixaria dormir na cama se houver uma infecção ativa por varíola dos macacos.” 

O médico também ressaltou a importância de lavar as mãos e manter as roupas de cama usadas pela pessoa ou animal infectado separado do resto das peças da casa. “Se eles estiverem em contato próximo, usar uma máscara será a maneira de proteger seus animais de estimação e sua família”, acrescentou. 

A maioria dos veterinários já está por dentro dos casos de varíola em animais – como mencionamos, principalmente pelo fato da doença ser uma zoonose já conhecida. Diante de qualquer sintoma em seu animal, leve-o ao atendimento médico; testes específicos serão realizados para comprovar a infecção. 

“Não entregue a eutanásia ou abandone seu animal de estimação por causa de uma potencial exposição a uma pessoa infectada”, enfatizou a Dra. Teller. Assim como está ocorrendo nos humanos, a varíola dos macacos em animais surge de forma branda e também tem cura – contudo, embora o baixo risco para ambos, o acompanhamento médico é de extrema importância em todos os casos, principalmente por existir registros de mortes relacionadas à varíola dos macacos. 

Até o momento, em todo o mundo foram registrados mais de 41,5 mil casos da doença. No Brasil, conforme a última atualização do Ministério da Saúde, de 21 de agosto, há 3.788 casos confirmados. 

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