Um estudo publicado este mês na revista Nature Communications revela que impactos cósmicos podem tornar planetas e luas mais porosos do que se pensava, potencialmente aumentando sua capacidade de abrigar vida alienígena.

A superfície “esburacada” da nossa Lua é um exemplo da frequência com que os impactos cósmicos atingem corpos importantes do Sistema Solar. As rachaduras e poros resultantes podem, teoricamente, hospedar água e, talvez, até mesmo microrganismos.

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Impactos cósmicos, como o que criou essa cratera fresca em Marte entre setembro de 2016 e fevereiro de 2019, aumentam a porosidade das crostas planetárias, criando rachaduras e fissuras que poderiam abrigar água (e talvez vida alienígena). Imagem: NASA/JPL/Universidade do Arizona

Em 2012, um satélite da NASA chamado GRAAL (sigla em inglês para Laboratório de Recuperação de Gravidade de Interior) revelou que a crosta da Lua é muito menos densa e, portanto, mais porosa do que se pensava anteriormente. 

Uma cratera com 4 km de profundidade tem cerca de 12% de espaço vazio, e até em profundidades de cerca de 20 km, a crosta lunar ainda tem uma porosidade próxima de 4%, descobriu a missão.

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No novo estudo, conduzido por pesquisadores dos EUA e do Reino Unido, foram desenvolvidas simulações computacionais sobre como os impactos cósmicos podem gerar porosidade dentro das crostas lunar e marciana, bem como a da Terra. Eles descobriram que fortes colisões podem ter grandes efeitos nas superfícies e estruturas desses corpos, mesmo muito longe do ponto de impacto. Isso ajuda a resolver a misteriosa porosidade lunar que o GRAAL descobriu.

“Este é o primeiro trabalho que realmente mostra que grandes impactos são capazes de fraturar a crosta lunar e introduzir essa porosidade”, disse o coautor do estudo Brandon Johnson, cientista planetário da Universidade Purdue, em um comunicado. “Nossas simulações indicam que impactos que geram de 100 a mil quilômetros de bacias são capazes de produzir toda a porosidade observada dentro da crosta lunar”.

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Segundo Johnson, simulações sujeitas a uma maior gravidade superficial, como a de Marte e a da Terra, sugerem que “impactos formadores de bacias podem ser uma fonte primária de porosidade e fratura de antigas crostas planetárias”.

Ele e sua equipe acreditam que, ao descobrir onde e por que planetas e luas se fraturaram, os cientistas podem ter uma ideia mais clara sobre os melhores pontos para se procurar vida em mundos distantes.

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“Esta pesquisa tem implicações para o início da Terra e de Marte”, disse o autor principal do estudo, Sean Wiggins, pesquisador de pós-doutorado na Purdue.

“Se a vida existisse naquela época, havia esses impactos intermitentemente grandes que esterilizariam o planeta e ferveriam os oceanos”, acrescentou Wiggins. “Mas, se você tivesse organismos que pudessem viver em poros e interstícios a algumas centenas de metros ou até alguns quilômetros abaixo, eles poderiam ter resistido”.

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