Todos os seres vivos que habitam a Terra foram moldados para subsistir sob uma força gravitacional nem mais nem menos poderosa do que a que age sobre nós. E o “valor” da gravidade depende de fatores como a massa e o tamanho de cada planeta, satélite natural, estrela e outros corpos celestes.

Sendo assim, a aceleração da gravidade (intensidade do campo gravitacional) de um objeto massivo no universo é proporcional às dimensões desse corpo. Logo, o maior planeta do Sistema Solar, Júpiter, exerce, por consequência, a maior atração gravitacional entre todos os planetas da nossa vizinhança.

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E se a gravidade da Terra, que tem 9,8 m/s2 de aceleração, fosse a mesma desse gigante gasoso, cuja intensidade é de 24,8 m/s2?

Ilustração 3D mostra o tamanho da Terra em comparação a Júpiter. Imagem: Whitelion61 – Shutterstock

Bem, para começo de conversa, já sabemos que o nosso planeta teria que ser, portanto, muito mais pesado do que é, já que esses fatores estão interligados. Mais precisamente, ele teria 15,6 vezes sua massa normal. 

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No entanto, não precisaria ser tão grande quanto Júpiter, uma vez que é mais denso (tem mais “massa por metro quadrado”, digamos assim). Dessa forma, teria mais do que o dobro de sua circunferência atual, mas ainda assim, seria menor do que Júpiter, cuja circunferência é 11 vezes maior do que a da Terra.

O caos tomaria conta da Terra com uma gravidade forte como a de Júpiter

Considerando as mesmas condições e características do nosso planeta, tais como sua atmosfera, composição química, o fato de ser um corpo rochoso e de ser povoado, uma força gravitacional com a mesma intensidade da de Júpiter provocaria um verdadeiro caos por aqui.

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Com uma gravidade tão intensa, as edificações na Terra não aguentariam muito tempo em pé. Os organismos, então (sim, os seres humanos inclusive), resistiriam por muito menos.

Imagine viver eternamente em uma montanha russa. Imagem: Tommy Alven – Shutterstock

Conforme comparou um artigo da revista Super Interessante, ficar nesse ambiente de hipergravidade seria tão saudável quanto passar o resto da vida em uma montanha russa, enfrentando aquela aceleração toda ininterruptamente. Em algum momento, nossos corpos pediriam arrego: nossos tecidos se deformariam, nosso cérebro receberia cada vez menos sangue até deixar de funcionar e teríamos hemorragias internas incessantes.

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Em entrevista à publicação, o meteorologista Fábio Gonçalves, da Universidade de São Paulo (USP), explicou que “dificilmente poderia chover em um mundo assim”. Isso porque o aumento da gravidade achataria a atmosfera, tornando-a 2,5 vezes mais curta. Assim, as nuvens não teriam espaço para crescer a ponto de formar chuva. E, caso chovesse, não seria na quantidade que vemos hoje. Sem tanta água, os continentes se transformariam em um imenso deserto.

O achatamento da atmosfera deixaria o ar mais rarefeito, especialmente nos locais mais acima do nível do mar. Uma cidade como Cuzco, no Peru, a 3.310 metros de altitude, seria um lugar tão gelado e sem oxigênio quanto o topo do Monte Everest, a 8.849 metros, onde até um alpinista experiente e devidamente equipado só consegue permanecer por cerca de 48 horas. Esse pico, por sua vez, estaria em plena camada de ozônio, sob uma temperatura de -60ºC. Mesmo os locais menos altos seriam muito mais frios. São Paulo, por exemplo, teria uma temperatura média 13ºC mais baixa.

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Haveria uma bagunça também no calendário. Os anos teriam mais meses, e cada mês teria apenas sete dias. Mas, por quê? É que a gravidade extra aceleraria a Lua, fazendo com que ela girasse quatro vezes mais rápido, completando uma volta a cada sete dias. Como a ideia de “mês” é baseada no tempo entre duas luas novas, cada ano teria 52 meses.

Viver em um mundo assim seria um grande pesadelo. Ainda bem que tudo isso não passa de situações hipotéticas, e que a gravidade da Terra faz nosso planeta ser exatamente do jeitinho que é, o que nos permite chamá-lo de nosso lar.

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