2022 veio quente para o mercado de tecnologia. Mas dessa vez, não é sinônimo de aquecido. Está mais para queimado, talvez. O fato é que, desde o começo do ano, notícias sobre startups demitindo se repetem mês a mês, semana após semana, dia após dia. Afinal, será que chegamos ao fim dos tempos de brilhantina, quando ingressar no mercado de TI era emprego garantido com salário bom? Toda aquela previsão sobre os trabalhos do futuro, que incluíam 70%, 90% cargos voltados à tecnologia, era mera ilusão?

Primeiro, é preciso separar o joio do trigo: uma coisa é o mercado de trabalho voltado para tecnologia; outra coisa, são as startups. Estas, fazem parte, sim, do mercado de TI. Não com todos os cargos e funções que seus profissionais exercem, mas em grande parte. Porém, TI é muito mais amplo do que as startups. Existem empresas muito bem consolidadas, como IBM, Oracle, bancos de forma geral também são grandes “consumidores” da força de trabalho nesse setor. Também existem as scale-ups que, basicamente, é a fase seguinte da startup. Bancos digitais que você acabou de ouvir falar, geralmente estão nessa fase, escalonando a ideia inicial e tornando realidade o que antes era só uma “versão beta”.

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Bem, só até aqui, imagino que as palpitações no coração dos Desenvolvedores que estão lendo já começam a diminuir. Mas ainda temos uma realidade nua e crua. Enquanto você lê, provavelmente um Desenvolvedor está sendo desligado por redução de custo, restruturação ou qualquer outro motivo que gestores e RHs dão nessas horas. Afinal, o que está acontecendo? Por que agora as notícias são de demissão, e não mais de Tech Recruiters desesperados para conseguir um Developer pelo menos que responda no LinkedIn? A resposta, é simples: a conta chegou.

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Startups, como o próprio nome diz, vem com uma proposta, geralmente inovadora, que é basicamente vendida para que investidores injetem capital e consiga tirar a ideia do papel. Mas colocar uma ideia de negócio em prática, é preciso muito mais do que Desenvolvedores da NASA codificando scripts e apps. Precisa de um marketing, vendas, gestão de custos com um financeiro, gestão de pessoas com um RH. E é nesse universo de negócios que mentes brilhantes e investidores entusiastas, muitas vezes, não sabem como levantar um foguete. O dimensionamento de custo que uma startup coloca para fazer aporte pode ser superfaturado, a execução do plano de negócios vem atolado de desafios que o CEO, geralmente o próprio idealizador da startup, acha que mais dinheiro vai resolver. Até resolve, mas só na hora. Sem uma boa gestão e, principalmente, uma boa ideia de investimento consciente, qualquer empresa vem a ruir. Facily veio para provar ao brasileiro que nem tudo é sobre tecnologia: envolvia um sistema megacomplexo de logística, relação com fornecedores e consumidores que, sem uma boa gestão e planejamento, pode parar na capa do Fantástico. Tem uma ideia sensacional e quer transformá-la em startup? Estude gestão, administração, marketing, finanças, tenha contatos em alguma empresa do segmento que quer atuar para fazer benchmarking. Vai trabalhar em uma startup? Essas dicas também valem para você.

Voltando a pergunta inicial: a bolha de TI estourou? Aparentemente, não. Mesmo com a crise nas startups, ainda tem Tech Recruiter saindo no tapa atrás de profissionais. A fatia que o mercado de trabalho falta preencher nas empresas é grande, e mesmo com a redução de oportunidades, ainda vai faltar pessoas para atender o mercado. O que continua sendo indispensável é o que manda o figurino no mundo corporativo: criar relações saudáveis no ambiente de trabalho, ter discernimento sobre as capacidades de entrega, estabilidade produtiva, entre outros fatores que, independentemente do setor que você trabalha e da situação econômica dele, são aspectos que te mantém vivo ou viva nessa selva de emprego.

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*Leandro Felipe é fundador e diretor da Carreira Z

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