Chikungunya já matou mais brasileiros em 2022 do que em todo o ano passado

A Chikungunya já matou 64 cidadãos no país, quase 4,5 vezes mais que as 14 mortes registradas no ano passado. 
Por Gabrielly Bento, editado por Adriano Camargo 13/09/2022 17h55, atualizada em 13/09/2022 18h01
Chikungunya
Imagem: Sirinn3249/Shutterstock
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A Chikungunya é uma infecção viral transmitida pelos mesmos mosquitos da dengue e, só neste ano, já matou 64 cidadãos no país, quase 4,5 vezes mais que as mortes registradas no ano passado. 

Com a diminuição das severas limitações do Covid-19 e a volta do tráfego de pessoas depois de mais de dois anos, a Chikungunya tem feito progressos significativos no Brasil, especialmente no Nordeste

As razões para o crescimento do número de casos de Chikungunya podem estar ligadas ao enorme declínio da Covid-19 e da dengue. Quando as pessoas voltam para as ruas o vírus estava se espalhando exponencialmente.

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“As arboviroses (dengue, Chikungunya e Zika) caíram durante a pandemia, porque o fluxo das pessoas diminuiu. As pessoas também ficaram mais em casa, o que significa que cuidaram mais do espaço onde vivem, outro aspecto que dificulta a proliferação do mosquito. Sem isso, vemos uma escalada bastante importante dessas doenças, se aproximando a dados de 2019”, comenta a infectologista e epidemiologista Luana Araújo.

O número de casos aumentou de 96.288 para 162.407 (68,6 %). Além disso, o Ceará também registrou o maior número de diagnósticos e óbitos nesse tempo.

No período de 2 de janeiro e 5 de setembro de 2022, o Ceará já catalogou 49.307 infecções, e 30 resultaram em óbito. Isso simboliza cerca de metade (46,8%) vidas perdidas para Chikungunya no Brasil, uma doença que geralmente tem uma baixa taxa de letalidade. 

A situação também levanta outras inquietações em outros locais do Nordeste também. Só em 2022, 86,5% das infecções do país (140,5 mil) amontoaram-se na região contra 69,2% no ano anterior, que registrou 66.693 casos.

A incidência no Nordeste é 9,6 vezes maior que a média nacional, com 243,7 casos por 100 mil habitantes. Em comparação, às outras regiões estão abaixo da média nacional (76,1 casos por 100 mil habitantes). Nos municípios brasileiros, Fortaleza fica com 18.375 diagnósticos. A capital cearense é seguida por Maceió com 4.331 e depois Brejo Santo(CE) com 3.625.

É importante ressaltar que a estação chuvosa no Ceará, que cai no início do ano, também pode ser um dos motivos para a disseminação da doença no estado, segundo especialistas.

Cláudio Maierovitch, médico sanitarista da Fiocruz Brasília, aponta: “Em 2022, o Ceará está vivendo um dos anos com mais chuva da história recente. Isso se reflete na presença do mosquito vetor. O Brasil vive um ano epidêmico para dengue, afetando principalmente a Região Centro-Oeste. O Ceará, especificamente, vive uma de Chikungunya.”

Sendo assim, o jeito mais eficaz de prevenir a infecção é não deixar água acumulada e parada em calhas, caixas d’água e vasos de planta, locais que atraem o mosquito transmissor. Além de ser indispensável o uso de repelentes, mosquiteiros e inseticidas.

“A doença em si é letal, mas gera, com muita frequência, quadros crônicos que são difíceis de serem tratados e absorvidos pela saúde pública como um todo. Precisamos lidar, principalmente, com a proliferação do mosquito” informa Luana Araújo.

Chikungunya
Imagem: Thammanoon Khamchalee/Shutterstock

Preste atenção nos sintomas da Chikungunya 

Caso você tenha febre alta e dores intensas nas articulações, que atingem pés, mãos, dedos, tornozelos e pulsos, procure um médico, pois esses são sintomas comuns causados pela Chikungunya.

Alguns pacientes também podem sentir dores de cabeça e nos músculos, além de manchas vermelhas na pele. E, vale mencionar, que se o indivíduo já se contaminou uma vez, ele cria imunidade para o resto da vida.

Atualmente ainda não existem vacinas ou medicamentos aprovados contra Chikungunya, os tratamentos médicos são para aliviar os sintomas.

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Brasil identificou o vírus da doença pela primeira vez em 2014. O período de incubação dura de quatro a sete dias. Aproximadamente, 30% dos pacientes não têm sintomas.

E por fim, uma curiosidade, Chikungunya  significa “aqueles que se dobram” em swahili, da Tanzânia, por causa da aparência curvada que os pacientes apresentam.

Via: OGlobo

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Redator(a)

Gabrielly Bento é redator(a) no Olhar Digital

Jornalista 100% geek há quase 20 anos, pai do Alê, fanático por tecnologia, games, Star Wars, esportes e chocolate. Narrador/comentarista esportivo e Atleta Master. Não necessariamente nessa ordem.