O segundo maior protocolo cripto do mundo acaba de passar por uma atualização bem importante, denominada “The Merge”. Simplificando bem, esse update mudou a prova de consenso da blockchain, de prova de trabalho para prova de participação. A mudança já era planejada desde o início da Ethereum com o intuito de melhorar a escalabilidade e a segurança da rede, mudando para um mecanismo mais limpo e ecologicamente correto.

Anteriormente, a Ethereum funcionava como o bitcoin. As transações eram mineradas por uma rede descentralizada de computadores, que corriam para resolver quebra-cabeças matemáticos e eram recompensados com novas moedas.

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A prova de trabalho é o mecanismo do Bitcoin, onde a mineração gera gasto demasiado de energia e poder computacional. Já a prova de participação é quando os validadores da rede “bloqueiam” uma certa quantidade de tokens. Nesse caso, são 32 ETH e a blockchain usa a criptografia desses tokens para fazer a validação da rede.

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Com isso, a prática de mineração de ETH foi encerrada e substituída por um processo em que detentores podem travar os tokens existentes na rede e, assim, criarem mais. De acordo com a Ethereum Foundation, esse modelo deve tornar a Ethereum 99% mais ecológica.

A mineração de Ethereum chegou a ser maior que a mineração de Bitcoin com base na receita. Os mineradores ganharam por volta de US$ 18 bilhões em 2021, em comparação com US$ 17 bilhões para os mineradores de Bitcoin. Por isso, a atualização deve afetar também esses mineradores, que provavelmente devem direcionar o poder computacional para a mineração de Bitcoin ou de outras criptomoedas.

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A Ethereum já possuia uma cadeia de prova de participação, na qual já era possível travar quantos ETH quisesse. Essa cadeia, conhecida como Beacon Chain, foi lançada em dezembro de 2020 e seguiu sendo executada em paralelo à blockchain principal, como se fosse um teste, mas que foi bem-sucedido desde o seu lançamento. Até pouco antes da atualização, existiam cerca de 330.000 validadores que tinham travados cerca de 10,6 milhões de ETH na rede teste.

Mecanismos de consenso

As blockchains públicas são basicamente bancos de dados. A maioria delas define permissões de quem pode acessá-las e editá-las. Esse controle centralizado é conveniente, mas torna esses bancos vulneráveis a hackers. Por outro lado, as blockchains tornam todos que as executam como responsáveis por atualizá-las.

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Os mecanismos de consenso mantêm a rede funcionando, garantindo que apenas transações legítimas sejam adicionadas aos blocos. A prova de trabalho foi incorporada ao design do Bitcoin e replicada por outras redes, como a Ethereum. No entanto, um dos maiores problemas desse sistema é que ele requer muito poder computacional. A rede Bitcoin, por exemplo, pode chegar a consumir mais energia elétrica por ano do que a Argentina.

Conforme a Ethereum Foundation, a prova de participação tem várias vantagens. Por exemplo: para ganhar recompensas, não é necessário ter o maior poder de computação, ou seja, você não precisa de hardwares supersofisticados e caros, o que reduz o consumo de energia elétrica. Além disso, mais usuários podem participar da execução de um só Ethereum, o que permite ainda maior descentralização e mais resistência a ataques.

Mudar para um mecanismo ecologicamente correto é um grande passo, dada a importância do ESG nas finanças globais. A sustentabilidade aprimorada e a redução da inflação de tokens no longo prazo devem beneficiar o preço do ETH.
Seguimos atentos.

*Luciano Mathias é CCO da TRIO

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