Provavelmente você nunca parou para pensar em tipos de dor que podemos ter; sim, há níveis de dores que podem colocá-las em categorias diferentes e, por essa razão, é importante estar atento aos sintomas e aos pontos preocupantes. Mas você sabe identificar quando a intensidade da sua dor pode ser motivo de atenção? 

A dor nem sempre é uma sensação simples. Além de física, ela também é um evento sensorial e emocional desagradável para o organismo humano. Em muitos casos, pode ser um alerta de extrema importância para a saúde. Em casos crônicos, por exemplo, ela pode indicar doenças

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Imagem: shutterstock/TB studio

Entre as dores mais conhecidas estão a dor crônica e aguda. Enquanto algumas dores são passageiras, outras podem se perpetuar por semanas, meses ou, até mesmo, anos. De acordo com o neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dr. Marcelo Valadares, a diferença entre dor crônica e dor aguda está no tempo. Enquanto a dor crônica deve durar mais de três meses para ter este nome, a aguda costuma ser pontual, podendo posteriomente evoluir para um quadro crônico. Em ambas as causas podem ser as mesmas. 

“Quadros de dor crônica podem se perpetuar por meio das modificações do sistema nervoso, ou seja: a dor mantida pode levar a dores que não melhoram, mesmo que a causa seja removida”, explica. 

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Estima-se que 1,5 bilhões de pessoas (uma em cada cinco) sofra de dores crônicas, com prevalência maior em pacientes com idade mais avançada. No Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED), ao menos 37% da população, ou seja, cerca de 60 milhões de pessoas, relatam sentir dor de forma crônica. 

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O médico acrescenta que sentir dor por mais de três meses não é normal, sendo necessário a busca por um especialista. “Neste caso, ela pode indicar doenças sérias e, por isso, precisa de investigação. Se não tratada, pode levar a outros problemas que antes não existiam, como: alterações no comportamento motor, redução de atividades (tendência ao sedentarismo) e fadiga, além de prejudicar a ergonomia”. 

Outros tipos de dor 

Além das mais conhecidas (crônica e aguda), existem outros tipos de dores, como: 

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  • A dor neuropática pode ser incapacitante, acometendo pacientes com diabetes mellitus e outras doenças. “A neuropatia ocorre em áreas ou órgãos envolvidos em lesões ou doenças neurológicas, quando o Sistema Nervoso Central ou periférico causa sensações como formigamento, queimação, adormecimento e choques”; 
  • A dor disruptiva, por sua vez, pode ser mais intensa do que a crônica, rompendo a barreira de alívio promovida pelo analgésico; 
  • A nociceptiva está ligada à inflamação ativa e acontece quando existem danos relacionados à lesão de tecidos ósseos, musculares ou ligamentos, como uma contusão, um corte ou uma queimadura; 
  • A idiopática é um tipo de dor sem causa definida, na qual não existem evidências de doença ou causa psicológica; 
  • A somática tem origem nos tecidos superficiais e da periferia do corpo; 
  • Por fim, “dor psicossomática” é um termo raramente utilizado, definindo casos nos quais não existe uma causa orgânica para o quadro. 

Ainda de acordo com o especialista, é preciso escutar o paciente antes de tomar qualquer decisão a respeito do tipo de tratamento. “É essencial trazer conforto a essas pessoas com agilidade, permitindo que o paciente retome suas atividades cotidianas e sempre buscando uma resposta positiva, permanente e duradoura no tratamento. Cada indivíduo interpreta sua dor de uma forma diferente. Como profissionais da saúde, é nosso dever escutá-lo e acolhê-lo, pois todos merecem cuidados. Se o incômodo persiste há muito tempo, está certamente na hora de procurar alternativas”, afirma. 

Imagem: shutterstock/Lightspring

Ao tratamento, que é chamado de plano terapêutico, existem três considerações importantes pontuadas pelo médico: alinhar as expectativas do paciente com a possibilidade de resultado diante do problema; entender o mecanismo que fez surgir a dor para que seja possível intervir na sua origem; traçar uma análise do que já foi feito até o momento. 

Nos quadros de dor crônica, principalmente, o tratamento é multidisciplinar e pode ser longo. Envolve, além de avaliação médica adequada, outros tratamentos paliativos para reabilitação física, como fisioterapia, acupuntura e pilates. 

Medicamentos também podem ser utilizados, reitera Valadares, mas existem outras opções para casos em que os fármacos não são mais adequados ou suficientes. Com os avanços da ciência, atualmente, é também possível pensar em tratamentos de estimulação cerebral para a dor. 

“Os procedimentos de neuromodulação (estimulação) cerebral ou medular, quando bem indicados, podem ser um excelente tratamento para a dor crônica em casos muito complexos e que já tentaram diversos tratamentos, com médicos diferentes”, finalizou. 

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