Quando paramos e pensamos que em uma época não muito distante muitos jantavam (ou ainda jantam) às 18h e, como dizem os mais antigos, “dormiam com as galinhas”, achamos um absurdo, visto que hoje em dia, neste horário, várias pessoas ainda estão indo para o chamado 2° round do dia – para a faculdade, curso de idiomas, academia etc. No entanto, um recente estudo sugere que, de fato, esse é o melhor horário para a última refeição antes de ir dormir, já que quanto mais tarde se come, mais difícil fica para o corpo queimar a gordura. 

De acordo com a pesquisa, publicada na Cell Metabolism e divulgada pela Science Alert, comer no final do dia pode afetar diretamente nossa regulação biológica do peso de três maneiras principais: através do número de calorias que queimamos; nossos níveis de fome; e a maneira como nossos corpos armazenam gordura.  

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Obesidade e a Covid-19
Imagem: jarmoluk (Pixabay)

Estudos anteriores já haviam identificado uma ligação entre o horário das refeições e o ganho de peso, mas os pesquisadores ainda não tinham uma explicação biológica para essa reação, e nem uma compreensão dos mecanismos que ligam a hora da refeição com o risco aumentado de desenvolver obesidade. 

“Pesquisas anteriores feitas por nós e outros mostraram que a alimentação tardia está associada ao aumento do risco de obesidade, aumento da gordura corporal e sucesso prejudicado na perda de peso. Queríamos entender o porquê”, explicou o neurocientista Frank Scheer, do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. 

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Testes e resultados 

O estudo envolveu 16 participantes com índice de massa corporal (IMC) na faixa de sobrepeso ou obesidade. Cada voluntário passou por dois experimentos diferentes com duração de seis dias, com seu sono e alimentação rigorosamente controlados. Em um experimento, os participantes mantiveram um cronograma de três refeições por dia em torno dos horários normais – café da manhã às 9h, almoço às 13h e jantar às 18h. Na outra, as três refeições foram revertidas (a primeira por volta das 13h e a última por volta das 21h) – ou seja, almoço, jantar e ceia. 

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A partir de questionários e amostras de sangue, os cientistas observaram que, ao comer mais tarde, os níveis do hormônio leptina – que nos diz quando estamos cheios (saciedade) – foram mais baixos, indicando que os participantes podem ter sentido mais fome. Além disso, as calorias estavam sendo queimadas em um ritmo mais lento, o que significa que o metabolismo foi desacelerado. 

Os testes também mostraram que a expressão gênica do tecido adiposo – que afeta a forma como o corpo armazena gordura – aumentou o processo de adipogênese, ou seja, construiu mais tecidos adiposos (de gordura) e diminuiu o processo de lipólise (que quebra essa gordura). 

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Imagem: shutterstock/mi_viri

De acordo com os pesquisadores, essa combinação é um claro mecanismo fisiológico e molecular que aumenta o risco de obesidade. “Isolamos esses efeitos controlando variáveis de confusão como ingestão calórica, atividade física, sono e exposição à luz, mas na vida real, muitos desses fatores podem ser influenciados pelo horário das refeições”, pontuou Scheer. 

Visto que a obesidade é um grave problema de saúde, principalmente em regiões dos EUA, o estudo serve como alerta. Vale lembrar que a questão aqui não é apenas a obesidade, mas o que ela pode gerar, como pressão alta, diabetes e até câncer. 

Controlar o horário que se come pode ser bem mais fácil do que encarar uma dieta rígida ou exercícios diários, mas claro que, o combo possivelmente trará melhores resultados – inclusive para aqueles que já são adeptos de dietas e alimentação saudável. Observar os horários pode ser mais um ponto positivo junto ao seu objetivo. 

Scheer destacou que mais estudos serão realizados, principalmente com mulheres – o levantamento atual focou em pessoas já com sobrepeso e havia mais homens. A intenção é realizar testes em escalas maiores e verificar fatores variáveis que também influenciam no peso e sono, além de outros pontos como ambientais e comportamentais. 

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