Após os furacões Fiona e Ian causarem fortes estragos em países da América Central e América do Norte, surge um questionamento pertinente: será que as mudanças climáticas estão relacionadas com esses dois eventos? Apesar de alguns estudos corroborarem com essa visão, outros mostram que não existe correlação entre eles.

Embora já existam algumas evidências que mostrem uma relação de causa e consequência entre as atividades humanas e repercussões negativas no planeta, ainda não está claro se essas mudanças climáticas intensificam o número de furacões e tempestades tropicais na Terra.

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O pesquisador Thomas Knutson, que estuda as mudanças climáticas e furacões no Laboratório de Dinâmica geofísica da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) (GFDL), declarou ao LiveScience que um planeta sob processo de aquecimento terá estações de furacões mais intensas e aumento no nível do mar, causado pelo derretimento das geleiras. Esse cenário é perfeito para que landfalls aconteçam, ou seja, para que tempestades que passaram sobre a água, atinjam porções de terra.

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Elevação na temperatura dos oceanos torna os furacões mais poderosos. Imagem: Zenobillis – Shutterstock

Além disso, o aquecimento global também gera um aumento das chuvas e da temperatura da superfície do mar. Conforme esses fatores aumentam, os furacões se tornam mais fortes. Nesse sentido, alguns modelos climáticos previram que um aumento de 2º C nas temperaturas globais resultaria em uma maior porcentagem de furacões atingindo a categoria 5, com velocidades sustentadas de 252 km/h.

Além da intensidade, a velocidade dos furacões também seria afetada. Haveria um aumento de 5% em média, estimulando mais landfalls. Em um estudo anterior, publicado, em 2005, na revista Nature, os cientistas encontraram forte correlação entre os furacões do Atlântico e a temperatura da superfície do mar. Nessa ocasião, estimou-se que o mundo poderia se defrontar com um aumento de 300% na atividade de furacões até 2100.

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Sistema de contrapesos no aquecimento global

Apesar dessas previsões catastróficas, nenhuma delas de fato se concretizou. Uma das explicações oferecidas pelos cientistas está no fato de que, enquanto superfícies marítimas mais quentes são ideais para furacões, tempestades que colidem com uma atmosfera quente tendem a se dissipar antes de causar muitos danos.

Seguindo por essa linha, um outro estudo publicado na Nature mostrou que as mudanças climáticas podem estar ligadas a uma diminuição global no número de furacões. O aquecimento da superfície dos mares vem acompanhado do aquecimento da troposfera superior, e isso “coloca freios” na intensidade do furacão.

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Porém, Knutson ainda assim espera ver um aumento. Embora o número de furacões não tenha aumentado, a intensidades deles se agravou, na bacia do Atlântico, nos últimos 40 anos. Ainda assim não se pode atribuir esse aumento às mudanças climáticas.

Segundo Knutson, dado o número de variáveis que podem afetar a formação e a força dos furacões, pode ser um tanto “prematuro concluir com alta confiança que o aumento dos gases de efeito estufa causados pelo homem teve um impacto detectável na atividade de furacões da bacia do Atlântico passado”.

O aumento das inundações gera furacões mais intensos

No entanto, Knutson declarou que as mudanças climáticas certamente tornarão as futuras estações de furacões mais perigosas, com inundações costeiras mais frequentes, aumento das chuvas e aquecimento dos mares, favorecendo a formação de tempestades mais intensas.

Em 2020, após a análise de 4 mil ciclones tropicais, que ocorreram nos últimos 39 anos, os pesquisadores concluíram que os furacões estão ficando mais fortes e os principais ciclones tropicais estão se tornando mais frequentes, assim como os modelos previram. O furacão Ian, que causou centenas de mortes, foi o furacão mais mortal da Flórida desde 1935, segundo o The Washington Post. Portanto, esse pode ser um sinal de alerta para que a questão das mudanças climáticas permaneça sempre no radar.

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