Sabe-se que as temperaturas globais vêm aumentando devido às mudanças climáticas, com a taxa de aquecimento crescendo cada vez mais com o passar do tempo. Desde 1981, o índice tem sido mais do que o dobro do período pré-industrial, que marcava um aumento de 0.08ºC a cada década. Cientistas climáticos apontam que a Rússia, particularmente, está experimentando isso a uma taxa mais rápida do que o planeta em geral.

Igor Shumakov, chefe do Serviço Federal Russo de Hidrometeorologia e Monitoramento Ambiental (ROSHYDROMET), disse ao jornal Novye Izvestia, na segunda-feira (10), que os últimos sete anos foram os mais quentes para o país.
“A probabilidade de que pelo menos um ano nos próximos cinco seja mais quente do que o ano mais quente, 2016, excede 90%”, disse Shumakov. “O território da Rússia está se aquecendo mais rápido que o planeta como um todo. As temperaturas na região polar estão subindo, o gelo do mar está encolhendo, o permafrost está se degradando e as mudanças climáticas estão prestes a piorar”.

Vladimir Kattsov, especialista em clima do Observatório Geofísico Principal de Voeikov, na Rússia, revelou ao site Newsweek que o país está aquecendo 2,5 vezes mais rápido que o resto do mundo. “O solo está aquecendo mais rápido que o oceano devido a diferenças na capacidade de calor”, explicou.
“O Oceano Ártico, que abrange uma proporção significativa do território russo, está aquecendo de maneira especialmente rápida devido à chamada ‘amplificação polar’ do aquecimento global”, acrescentou Kattsov.
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A perda de gelo marinho é uma das razões mais citadas para explicar por que isso ocorre, uma vez que o gelo marinho tende a refletir em vez de absorver calor do Sol. Quando o gelo do mar derrete, ele deixa para trás a superfície do oceano, que é mais escura e absorve mais calor do Sol — e mais calor significa mais gelo derretendo.
Julienne Stroeve, professora de Observação Polar e Modelagem da University College London, afirmou não ter certeza de que a informação que diz que a Rússia está aquecendo mais rápido do que o resto do planeta está correta, mas disse que considera plausível a hipótese. “O aquecimento amplificado na região do Ártico é em grande parte resultado da perda de gelo marinho e também da remoção anterior da cobertura de neve da primavera. Ambos permitem que o oceano e a terra se aqueçam”.
Ela acrescentou que a Sibéria teve um calor recorde nos últimos anos, consistente com a amplificação do Ártico mencionada. “Eu não me aprofundei especificamente em padrões climáticos para a Sibéria, mas cumes de alta pressão são comuns e, se você tem um padrão de bloqueio, os extremos climáticos ficam presos por períodos mais longos de tempo”.
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