Também conhecida como Fossa do Atacama, a Fossa Peru-Chile é uma depressão oceânica no leste do Pacífico, a cerca de 160 km da costa dos dois países que a nomeiam. Com quase seis quilômetros de comprimento e largura média de 64 km, essa trincheira atinge uma profundidade de mais de oito mil metros. E é ali que vive a mais nova espécie de peixe-caracol descoberta pela ciência.

Uma câmera mergulhada a mais de sete quilômetros de profundidade captou imagens de nova espécie de peixe-caracol. Créditos: Linley, T.D., Gerringer, M.E., Ritchie, H. et al.

Uma equipe internacional de cientistas implantou sondas em queda livre na região, com o objetivo de estudar as criaturas que habitam as profundezas do oceano. Com isso, eles conseguiram captar imagens de três variedades desse tipo de peixe.

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Segundo um comunicado da Universidade Newcastle, na Inglaterra, que conduziu a pesquisa, publicada este mês na revista científica Marine Biodiversity, a imensa trincheira foi escolhida como local de estudo por dois motivos principais: ela percorre a costa oeste da América do Sul e tem profundidade parecida com a altura da Cordilheira dos Andes. 

As sondas continham petiscos para atrair os animais, possibilitando o registro pela câmera. “A câmera foi feita de aço inoxidável e vidro de safira”, explica Thom Linley, autor principal do estudo. 

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Com o equipamento, a equipe de Linley conseguiu identificar três espécies de peixe-caracol na zona hadal, que parte dos 6 mil metros de profundidade até o leito oceânico. Entre elas, havia uma era completamente nova. “Acho essa família de peixes absolutamente fascinante. Eles não são nada do que esperamos de um peixe em alto mar, e eu adoro mostrar às pessoas que os peixes mais profundos do mundo são realmente muito bonitos”. No vídeo abaixo, o momento em que as espécies são encontradas:

Segundo Linley, um peixinho azul observado entre seis e 7,6 km de profundidade apresentava características diferentes das encontradas nos demais, como olhos grandes e forte coloração azul. Usando microtomografia computadorizada (micro-CT), os cientistas puderam determinar sua posição na família de peixes-caracóis.

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A espécie foi batizada de Paraliparis selti, sendo que selti deriva da extinta língua Kunza, usada por povos indígenas do Deserto do Atacama, e significa azul. Já o nome do gênero, Paraliparis, é de origem grega (com “para” significando “lado de”, e “liparis”, gordura).

Os cientistas avaliaram as imagens e definiram que esse peixe-caracol pertence a uma nova espécie, principalmente em razão de sua forte coloração azul e de seus olhos grandes. Créditos: Linley, T.D., Gerringer, M.E., Ritchie, H. et al.

“Essa espécie fornece uma oportunidade fantástica para explorarmos o que permite que os peixes vivam tão profundamente”, diz Linley, que acredita que o animal pode ter evoluído das espécies adaptadas ao frio do Oceano Sul. 

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Esse peixinho azul abre novas questões sobre a relação entre temperatura fria e adaptação de alta pressão e dá uma nova possibilidade de compreender como as mais diversas criaturas conseguem sobreviver em zonas abissais.

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