Uma criatura totalmente transparente foi encontrada pelo mergulhador Andy Cracchiolo na costa da praia de Topanga, perto de Los Angeles, nos Estados Unidos.

“Estava mergulhando e tirando fotos, à procura de lixo e tesouros. Vi a criatura e pensei que fosse um saco plástico, transparente e branco, com algo que parecia um caracol do mar marrom dentro. Achei que poderia ser algo único, já que, muitas vezes, mergulho neste local e nunca tinha visto nada assim antes”, relatou Cracchiolo ao tabloide britânico DailyStar.

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A espécie Thetys vagina foi identificada pela professora assistente da Scripps Institution of Oceanography em San Diego, Moira Decima, como uma salpa. “Eles são filtradores, então comem fitoplâncton, microzooplâncton e podem até comer bactérias devido ao espaçamento fino de sua malha. Sua fama é seu papel no ciclo do carbono – eles são capazes de comer muito porque combinam natação com alimentação”, explicou ela.

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São o que chamamos de “aspiradores de pó dos oceanos”, completou a especialista. Andy usou um trecho do site científico Southern Fried Science ao publicar o vídeo no seu Instagram: “Ele nada e se alimenta bombeando água pelo corpo, filtrando o plâncton e expelindo um jato de água de um órgão chamado sifão”.

“Parente” do ser humano?

A salpa, que pertence à classe de animais Salpa Maggiore, pode significar muito para o ecossistema marinho. Isto porque, de acordo com uma nova pesquisa publicada na Limnology and Oceanography, as salpas estão competindo por comida com um organismo conhecido como protista.

Conjunto de espécies de tunicados planctónicos da família Salpida, as salpas se parecem com águas-vivas, mas são um dos primeiros exemplos de cordados a evoluir e, portanto, são mais parentes dos seres humanos.

Salpas na mão de um ser humano
Salpas na mão de um ser humano. Imagem: NeagoneFo/Shutterstock

Antes do estudo, os cientistas pensavam que as salpas competiam por recursos com o krill, criaturas parecidas com camarões que são uma importante fonte de alimento para muitos animais marinhos.

“Esses animais fascinantes e bizarros estão se tornando mais abundantes no vasto e aquecido Oceano Antártico, então procuramos entender como sua presença muda os ecossistemas marinhos”, disse Michael Stukel, pesquisador do Centro de Estudos de Predição Oceano-Atmosférica da Florida State University, nos Estados Unidos, e professor associado no Departamento de Ciências da Terra, do Oceano e da Atmosfera.

Imagem de uma salpa tirada durante a pesquisa
Imagem de uma salpa tirada durante uma pesquisa. Créditos: Divulgação/Michael Stukel

As salpas vivem nos oceanos ao redor do mundo e se alimentam de fitoplâncton. Quando sua fonte de alimento é abundante, ela se multiplica rapidamente com a ajuda de um ciclo reprodutivo incomum, formando grandes flores feitas de milhares de organismos.

Eles removem o dióxido de carbono da atmosfera ao comer algas e compactá-las em minúsculas pelotas que afundam no fundo do oceano. As salpas também são uma fonte de alimento para alguns animais marinhos, mas não fornecem muita nutrição.

Já o krill é um alimento nutritivo para todos os tipos de animais, desde pequenos peixes até enormes baleias. A velha teoria era que a proliferação de salpa eliminou o krill, levando a mais sequestro de carbono, mas menos alimento para os organismos marinhos.

O estudo revelou, no entanto, que as salpas provavelmente estão substituindo protistas minúsculos que não são uma importante fonte de alimento para grandes organismos no oceano. Embora as salpas sejam muito maiores do que esses protistas, eles se alimentam das mesmas algas microscópicas.

Krill
Krill. Créditos: Shutterstock
Experimento com a criatura

Para entender o tamanho das presas que as salpas estavam comendo, os pesquisadores da Florida State University construíram um tanque circular e o encheram com água do mar, salpas e suas presas. Também foram feitos experimentos com os protistas pois saber que a salpa provavelmente está competindo com os protistas e não com o krill é uma razão para repensar o papel da proliferação da salpa no ecossistema do oceano.

“Nossos resultados sugerem que as salpas nem mesmo competem realmente com o krill. Elas vão substituir os protistas e se isso acontecer haverá mais sequestro de carbono. E provavelmente um pouco mais de disponibilidade de comida porque embora as salpas não sejam uma presa tão boa quanto o krill, eles ainda são melhores presas do que protistas”, explicou Stukel.

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