O ex-jogador de futebol Bellini, conhecido por ser o capitão do primeiro campeonato mundial da Seleção Brasileira, teve seu cérebro doado para estudos sobre doenças neurológicas logo após sua morte, em 2014. Agora, estes estudos que podem revolucionar o futebol, principalmente em categorias de base.

As análises acerca do cérebro de Bellini foram publicadas em 2016 pela National Library of Medicine, sob o título “Chronic traumatic encephalopathy presenting as Alzheimer’s dementia in a retired soccer player”, em um estudo liderado pelo Prof. Dr. Ricardo Nitrini (USP).

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Na época, foi descoberto que Bellini não teve apenas a Doença de Alzheimer, tida como causa de sua morte, e sim a Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), em um grau maior. A doença, conhecida popularmente como “demência do pugilista”, é incurável, degenerativa e causada por repetidos traumas na cabeça, como pancadas, socos… ou cabeceios.

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Características radiológicas do cérebro de Bellini. Imagem: Divulgação

Existe uma crescente preocupação entre órgãos importantes do futebol mundial com as consequências neurológicas de cabecear uma bola de forma repetitiva, algo comum no esporte. Isto fez com que, no último mês, o International Football Association Board (IFAB), responsável pelas regras do esporte, passasse a proibir que jogadores menores de 12 anos pratiquem o cabeceio.

A nova regra teve a adesão da Federação Inglesa em suas categorias de base, e a CBF também monitora uma possível mudança. Mas esta iniciativa não saiu de qualquer lugar. De acordo com o UOL, o estudo sobre o cérebro de Bellini foi uma das fontes utilizadas pela junta médica do IFAB para definir esta mudança de regra.

“O principal resultado destes estudos mostra que o jogador tinha evidência neuropatológica de ETC, além da doença de Alzheimer. Como ETC só ocorre em indivíduos com histórico de injúria cerebral repetitiva, isso indica claramente que cabeçadas são um risco para ETC. Esse risco é particularmente pior em crianças que praticam cabeçadas, por isso acho ótima a decisão [do IFAB]”, contou ao UOL a pesquisadora Lea Tenenholz Grinberg, autora principal dos estudos sobre o cérebro de Bellini.

Bellini morreu em São Paulo no dia 20 de março de 2014, aos 83 anos, após um longo período em que sofreu com os sintomas da ETC, que incluem demência, perda de memória, impulsividade, irritabilidade, agressividade, entre outros. O ex-jogador foi eternizado no futebol mundial por criar o gesto em que o campeão levantar a taça acima da cabeça.

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