Ainda existe muita desinformação sobre o uso medicinal da cannabis sativa, conhecida popularmente como maconha. No entanto, para além das polêmicas, o fato é que as principais substâncias da cannabis estão se mostrando bastante eficientes no tratamento de diversas doenças, sinalizando uma contribuição significativa para a melhora da qualidade de vida de muitos pacientes. 

Um desses pacientes é o famoso Arlindo Cruz; o sambista sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em 2017 e ainda passa por recuperação. Segundo postagem da esposa do músico, Babi Cruz, nas redes sociais, remédios à base de óleo de cannabis tem mostrado “resultados significativos em aspectos físicos e cognitivos” na progressão da saúde do cantor. 

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Babi não deu detalhes sobre a atual condição de Arlindo. No entanto, segundo reportagem da Veja, Arlindinho, filho do casal, contou em outra ocasião que o pai está lúcido, mas ainda tem dificuldade de se expressar. 

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Quais doenças são possíveis de tratar com a cannabis? 

A cannabis é utilizada em tratamentos para dor crônica, esclerose múltipla, epilepsia, inflamações, entre outras. O médico Ciro Cunha Couto Junior, da Clínica Gravital, explica que a cannabis auxilia de forma adjuvante nos tratamentos, em conjunto com outros medicamentos, proporcionando qualidade de vida aos pacientes. “Ela modula a percepção de dor, ajuda a regular os neurotransmissores, como serotonina e dopamina, e melhora a parte imunológica.” 

THC e CBD: qual a diferença? 

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Os principais componentes da cannabis, chamados de canabinoides, são o THC e o canabidiol, também conhecido como CBD. O tratamento com cannabis não altera a percepção de realidade. “O THC é o componente que poderia causar esse efeito, mas no tratamento ele é usado em quantidades mínimas, insuficientes para alterar percepção de realidade, ou muitas vezes nem existe na composição dos terapêuticos”, explica o médico. 

Essa substância, entretanto, possui um poderoso potencial medicinal, principalmente no que diz respeito à sua efetiva capacidade analgésica e estimulante de apetite. Em virtude dessas duas propriedades, tende a ser especialmente benéfica para o tratamento de pessoas com câncer e dores crônicas. 

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Já o CBD, segundo o especialista, não provoca alterações de percepção ou de humor, além de não causar dependência e ter toxicidade baixa. “Para alguns pacientes ele pode causar, como efeito colateral, o sono e a redução da pressão arterial.” É importante ressaltar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda não tratar o canabidiol como uma droga, pois não causa dependência química e o uso pode ser interrompido sem crises de abstinências. 

Crédito: Africa Studio/Shutterstock

Confira abaixo como a cannabis age em algumas das doenças: 

  • Esclerose Múltipla — O THC e o CBD atuam em regiões que controlam a dor e os movimentos, podendo inibir a transmissão de impulsos que causam espasmos, a rigidez muscular, entre outros. 
  • Dor Crônica — Nosso cérebro e nervos periféricos possuem receptores para os canabinoides. Quando eles se ligam às moléculas de CBD, podem reduzir consideravelmente os sinais da dor. 
  • Epilepsia — O tratamento diminui a superativação de circuitos nervosos, responsáveis pelas convulsões. Pode beneficiar sobretudo crianças e adolescentes. O THC e o canabidiol possuem efeito anti-inflamatório, podendo tratar doenças como artrite reumatoide e distúrbios inflamatórios do trato gastrointestinal. 
  • Espectro Autista — O canabidiol tem interação natural com os neurotransmissores do corpo humano, ou seja, quando ligados a eles, ajudam a equilibrar a função dos neurotransmissores. Dessa forma, é possível melhor controlar características como a inquietação excessiva. 
  • Outras condições — As náuseas provocadas pela quimioterapia e o glaucoma podem ser tratados com os canabinoides. A ansiedade também pode ser tratada com o canabidiol e o THC. 

Formas de uso 

Os óleos são a forma mais comum de administrar a cannabis medicinal, mas dia a dia pesquisas e estudos avançam e novas práticas de administração estão surgindo e se popularizando, como as comestíveis, em forma de balas, em cápsulas e vaporizáveis. “É muito importante o acompanhamento de um médico na prescrição do tratamento e ao longo dele para analisar a evolução do caso e também para se debater novas formas de uso e até novos produtos com canabinoides”, destaca o Dr. Ciro. 

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