No TikTok, um fenômeno bem interessante está ocorrendo e vem ensinando importantes lições aos mais jovens. Sobreviventes do Holocausto, um dos períodos mais bárbaros da história, estão trazendo relatos em vídeos e os conteúdos atraem milhões de visualizações na plataforma.

Em um vídeo recente na rede social, a sobrevivente de 98 anos, Lily Ebert, contou sobre o número A-10572 tatuado em seu antebraço. A tatuagem era feita pelos nazistas para identificar os judeus em Auschwitz, campo de concentração que simbolizou o período.

publicidade

“Éramos um número e fomos tratados apenas como números”, afirmou Ebert. As histórias da sobrevivente começaram a ser gravadas pelo bisneto, Dov Forman, que publicou os conteúdos no TikTok. O vídeo sobre a tatuagem possui 24 segundos e atraiu mais de 22 milhões de visualizações.

Ebert é uma das últimas sobreviventes do evento genocida que exterminou 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Com isso, ela se encontra em um grupo de influenciadores e pessoas comuns que utilizam as mídias sociais como o TikTok para educar e ensinar os mais jovens.

publicidade

Criadores e educadores do Holocausto afirmam que o trabalho está se tornando essencial em meio à crescente de comentários antissemitas pelas redes sociais. E as falas vem até mesmo de famosos, como o rapper Kanye West e o atleta Kyrie Irving, jogador de basquete da NBA.

Nesse sentido, algumas pessoas afirmam que é mais difícil entender a gravidade do Holocausto somente por meio de livros didáticos e aulas de história. Os conteúdos do TikTok, além de servirem como complemento, ajudam a sobreviventes dialogarem com um público que provavelmente tem pouco conhecimento sobre o genocídio.

publicidade

“Eu nunca poderia sonhar que poderíamos alcançar tantas pessoas quanto alcançamos nas mídias sociais”, disse Ebert em entrevista à NBC News. “Minha geração é a última a testemunhar o Holocausto. O que acontecerá quando o último de nós se for?”, acrescentou.

Imagem: Reprodução/Shutterstock
Imagem: Reprodução/Shutterstock

Enquanto isso, outros influenciadores também tentam passar essa mensagem para uma geração. A criadora Montana Tucker, com 8,7 milhões de seguidores, possui uma série de documentários no TikTok chamada “How to: Never Forget” (Como Nunca Esquecer)

publicidade

Neta de dois sobreviventes do Holocausto, Tucker viajou para a Polônia recentemente e refez a experiência de seus avós com um guia de educação sobre o período. Em dez episódios de dois a três minutos, a influenciadora leva seus milhões de seguidores do TikTok a conhecerem Auschwitz, o mais mortífero campo de concentração dos nazistas e onde mais de um milhão de pessoas foram mortas.

“Agora é minha responsabilidade chegar lá, porque quem vai falar por eles daqui a alguns anos, quando não houver mais sobreviventes do Holocausto?” afirmou Tucker. “Eu tenho essa plataforma agora, posso alcançar milhões de pessoas. Eu tenho uma grande geração Z, seguidores mais jovens”, completou.

De fato, os vídeos se mostram extremamente importantes num momento em que desinformações e notícias falsas estão prevalecendo em todas as mídias sociais. Segundo um levantamento da UNESCO deste ano, 16,4% de conteúdos relacionados ao Holocausto nas redes sociais negam ou distorcem o genocídio. No Telegram, os dados mostram 49% de conteúdos distorcidos ou negados na plataforma, enquanto que o Twitter e o TikTok possuem 19% e 17% respectivamente.

Leia também:

Em janeiro, o TikTok se juntou ao Congresso Judaico Mundial e à UNESCO para formar uma organização internacional que combate a negação e distorção do Holocausto. Com isso, os usuários da plataforma que costumam pesquisar termos relacionados ao período são redirecionados para informações verificadas.

Melissa Mott, diretora de antissemitismo, Holocausto e educação sobre genocídio da Liga Antidifimação, explica que a negação do Holocausto é um elemento clássico de antissemitismo e alerta para a ascensão desses comentários. Segundo ela, os vídeos que mostram sobreviventes e seus descendentes nas redes sociais é “uma maneira muito importante e diferenciada de contar essa história”, sendo uma prática que se mostra essencial nessa luta contra a desinformação.

Informações via NBC News

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!