Uma análise feita por pesquisadores da Universidade de Michigan e da Virginia Tech revelou que o vício em alimentos ultraprocessados, como salgadinhos, refrigerantes, sorvetes, bolachas, macarrão instantâneo e outros, tem os mesmos critérios compulsórios prejudiciais à saúde da dependência em cigarros. 

Na verdade, há anos a comunidade científica debate se o vício no tipo de alimento é comparável ao uso do tabaco. Outros estudos já comprovaram que, a fim de evitar doenças cardiovasculares ou diabetes, o ideal é evitar o tipo de comida, sendo ela a principal inimiga e facilitadora para essas condições — sem mencionar a relação com o câncer.  

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Outro recente levantamento conduzido pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo e pesquisadores das Faculdades de Saúde Pública e Medicina da USP e da Universidade de Santiago (Chile) mostrou ainda que, em 2019, o consumo de alimentos ultraprocessados esteve associado a 57 mil mortes prematuras. 

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Publicado na revista American Journal of Preventive Medicine e divulgado pela Folha de São Paulo, os dados do estudo significam que 1 a cada 10 pessoas entre 30 e 69 anos teve uma morte relacionada ao consumo de ultraprocessados que poderia ser evitada, conforme os dados computados do DataSUS. 

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Imagem: Shutterstock/Pormezz

Alimentos ultraprocessados e cigarro 

Para comparar o vício, os cientistas usaram critérios já estabelecidos para a dependência em tabaco e os aplicou no consumo de alimentos ultraprocessados. Os resultados apontaram que batatas fritas, biscoitos, refrigerantes e salgadinhos, atendem aos mesmos critérios usados para identificar o cigarro como substância viciante, ou seja, elas desencadeiam o uso compulsivo e, mesmo sendo prejudicial à saúde, as pessoas não conseguem parar ou reduzir o consumo. Elas possuem o mesmo poder e efeito da nicotina no cérebro e no organismo. 

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“Identificar que os produtos do tabaco eram viciantes se resumia a esses critérios, (que) resistiram a décadas de avaliação científica. Quando percebemos que os produtos de tabaco eram viciantes, percebemos que fumar não era apenas uma escolha adulta, mas que as pessoas estavam ficando viciadas e não conseguiam parar mesmo quando realmente queriam. A mesma coisa parece estar acontecendo com pessoas que consomem alimentos processados, e isso é particularmente preocupante por as crianças serem um dos principais alvos da publicidade desses produtos”, alertou Ashley Gearhardt, professora associada de psicologia da Universidade de Michigan e principal autora do estudo. 

Segundo os pesquisadores, os ultraprocessados são pensadamente fabricados com essa intenção: ser irresistíveis e fáceis de consumir. A alta dose de carboidrato, gordura e açúcar pode ser a chave para seu potencial viciante. 

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“É hora de parar de pensar em alimentos altamente processados apenas como alimentos, mas como substâncias altamente refinadas que podem ser viciantes”, destacou Alexandra DiFeliceantonio, professora assistente do Fralin Biomedical Research Institute na Virginia Tech. 

Imagem: shutterstock

Como identificar um alimento ultraprocessado?

Gostosos, atraentes, práticos e com pouco ou nenhum benefício nutricional, esses são, em suma, os alimentos ultraprocessados. A classificação vem devido suas formulações industriais, produzidas em várias etapas de processamentos. Eles contêm substancias sintetizadas em laboratórios, extraídas de alimentos e de outras fontes orgânicas. Conforme mencionado, bolachas, nuggets, macarrão instantâneo, pizzas, molhos de tomate prontos e salsichas são alguns exemplos.

Já os processados ou minimamente processados também passam por alguns processos industriais, no entanto, às vezes por um número menor e com adições de sal, açúcar ou outra substância de uso culinário em alimentos in natura (naturais). O objetivo é torná-los mais duráveis, com prazos de validade maiores. Exemplos de processados: pães, carne seca, vegetais em conserva, sardinha ou atum enlatados, etc. Vale destacar que esse processo, embora menor, também é desfavorável a composição nutricional dos alimentos dos quais derivam.

Uma dica para saber o que se está consumindo é criar o hábito de ler os rótulos dos alimentos; quanto mais ingredientes, mais processados são.

Com informações do O GLOBO, CNN e Folha de São Paulo

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