Uma equipe de cientistas liderada por pesquisadores da Universidade de Edimburgo descobriu que altos níveis da proteína toll-like receptor 2 (TLR2) em tumores podem ajudar a controlar alguns dos mecanismos de defesa do corpo quando ocorrem mutações cancerígenas nas células, principalmente no que diz respeito ao câncer de pulmão, um dos mais incidentes no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). 

Publicada na revista Cell Reports Medicine, a análise de dados de amostras de tumores humanos revelou que pacientes com altos níveis de TLR2 nos estágios iniciais de câncer de pulmão aumentaram a sobrevida em comparação com aqueles que tinham níveis mais baixos.  

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Além disso, a partir da descoberta, uma droga conhecida por ativar a proteína foi usada em um modelo de camundongo geneticamente modificado com a doença. Os resultados apontaram que o medicamento, surpreendentemente, também reduziu o crescimento do tumor pulmonar. 

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“Descobertas como esta, que ampliam a informação sobre a doença, podem levar ao desenvolvimento de medicamentos que melhorem a qualidade de vida de pacientes”, comentou o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas. 

A proteína TLR2 está presente no sistema imunológico, desempenhando um papel importante na defesa do corpo e no reconhecimento de patógenos. Ela também está ligada à senescência, processo natural de envelhecimento das células humanas no qual elas param de crescer e liberam uma variedade de produtos químicos e outras proteínas que fornecem sinais de alerta e defesas contra o câncer. As células senescentes estão presentes nos cânceres de pulmão iniciais, mas não estão mais presentes em cânceres em estágio avançado, sugerindo, segundo os autores, que a senescência pode prevenir a progressão do câncer. 

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Imagem: shutterstock

Detecção precoce é vital no tratamento do câncer de pulmão 

No Brasil, dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) mostram que a mortalidade do câncer de pulmão é a maior em homens e a segunda maior em mulheres. A taxa de sobrevivência de cinco anos para câncer de pulmão em estágio avançado é de apenas 6%, mas se for diagnosticada em estágios iniciais o número aumenta para 50%. Os pesquisadores dizem que o avanço pode ajudar a detectar a doença mais cedo e melhorar o tratamento do câncer de pulmão. 

Quem são as pessoas consideradas com alto risco de câncer de pulmão? 

De acordo com o médico, fumantes, ou quem parou de fumar há menos de 15 anos, entre 50 e 80 anos, que consumiram um maço de cigarro por dia durante um ano ou o equivalente a isso, devem fazer anualmente uma tomografia computadorizada de tórax com baixa dose de radiação. Um tipo de tomografia que utiliza pouca radiação, mas que identifica lesões pulmonares que podem ser câncer. 

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“Na maioria das vezes, o câncer de pulmão não apresenta sintomas nas fases iniciais então, aguardar a presença de sintomas para fazer o diagnóstico pode levar à descoberta da doença em estágios mais avançados e, consequentemente, com menores chances de cura. Por isso é muito importante o rastreamento, realizado para diagnosticar a doença em pessoas assintomáticas, consideradas de alto risco para desenvolver um tumor pulmonar”, acrescentou o oncologista. 

Vale destacar que, embora o tabagismo esteja na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão, pessoas não fumantes também podem desenvolver o tumor, sendo, claro, mais raro. 

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