Em fevereiro do ano passado, uma bola de fogo cruzou os céus sobre o sudoeste da Inglaterra, sendo registrada por diversas câmeras de segurança e observatórios astronômicos locais. Um fragmento de aproximadamente 500 g desta rocha espacial foi encontrado logo em seguida em uma casa na aldeia de Winchcombe, nome posteriormente dado ao meteorito.

Imagens do meteorito Winchcombe. Em A, a massa principal da rocha espacial recuperada pela família Wilcock, em 1 de março de 2021. Em B, um fragmento do objeto, fotografado na íntegra em C. Créditos: King et al/Science Advances

Segundo o site Space.com, a descoberta feita tão prontamente indica que o meteorito mal foi exposto aos elementos da Terra, permitindo que ele mantivesse sua composição química intocada. De fato, a composição da rocha Winchcombe é tão íntegra que quase pode corresponder a amostras de asteroides coletadas por sondas diretamente no espaço.

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Os resultados das análises preliminares feitas no meteorito foram publicados esta semana na revista Science Advances, e parecem dar sustentabilidade à ideia de que a água da Terra tem origem em asteroides. Isso porque a rocha espacial Winchcombe contém átomos de hidrogênio com uma composição isotópica que é bastante semelhante à da água do nosso planeta. 

Essa pesquisa também descobriu que o meteorito deve ter se separado de seu asteroide pai há apenas 200 mil a 300 mil anos – algo muito recente (em proporções astronômicas). A maioria dos meteoritos, segundo os autores do artigo, passa milhões de anos no espaço interplanetário antes de seus caminhos se cruzarem com o da Terra. Durante esse tempo, eles são devastados por raios cósmicos e pelos ventos solares.

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Ao analisar os dados das câmeras que capturaram a passagem da rocha através da atmosfera da Terra, os astrônomos puderam reconstruir sua órbita e determinar que seu asteroide pai reside no cinturão principal de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter, e não de alguma população próxima do nosso planeta.

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O meteorito Winchcombe é um condrito carbonáceo, uma classe rara de meteoritos que se acredita vir de asteroides muito primitivos que migraram para o cinturão principal a partir das bordas externas do Sistema Solar e cuja composição química pouco mudou desde então.Isso significa que, graças à sua natureza intocada, o meteorito Winchcombe oferece uma visão única dessas antigas “cápsulas do tempo”.

“Além dos tipos certos de hidrogênio, o meteorito também contém material orgânico do tipo que poderia ter dado origem à vida na Terra há cerca de 3,5 bilhões de anos”, disseram os cientistas em um comunicado.

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