Imagem: Borda da Terra vista do Espaço. Créditos: ixpert/Shutterstock
Dois novos estudos apontaram a contribuição que os gases de efeito estufa tiveram para favorecer a contração da atmosfera superior da Terra. Este fenômeno, que ainda fazia parte do campo das hipóteses, foi observado pela primeira vez na ocasião.
O aumento dos níveis de gás carbônico na atmosfera terrestre pode influenciar os esforços direcionados para limpar o lixo espacial em órbita. De acordo com os cientistas, até certo ponto essa redução atmosférica é normal, porém, a contribuição do CO₂ será permanente e determinante para o quadro.
Essa situação pode aumentar o tempo de órbita dos satélites e de pedaços de detritos espaciais, pois há uma redução do arrasto atmosférico, fator que pode causar problemas para satélites mais novos e nas observações espaciais. De acordo com o cientista geoespacial Martin Mlynczak, da NASA, essa situação é boa, mas também é ruim.
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Aumentar o tempo de permanência dos satélites em órbita da Terra é ótimo por um lado, “porque as pessoas querem que seus satélites permaneçam em pé”, porém a presença de detritos espaciais por um tempo prolongado “provavelmente aumentará a probabilidade de que satélites e outros objetos espaciais valiosos precisem ajustar seu caminho para evitar colisões”.
Além dos gases produzidos pela atividade humana e pela vida terrestre, o Sol também influencia a dinâmica da atmosfera, pois ele não é estático. A cada 11 anos, o Sol passa por ciclos de atividade. Neste momento, a estrela está no meio de seu 25º ciclo, iniciado em dezembro de 2019. Cabe relembrar que o ciclo de número 24 foi excepcionalmente moderado mesmo durante o pico da atividade solar. Foi nesse período que Mlynczak e seus colegas mediram a contração atmosférica.
Para essa empreitada, os pesquisadores usaram dados do satélite TIMED, da NASA, que coleta informações sobre a atmosfera superior e fornece valores de pressão e temperatura da mesosfera e da termosfera inferior, conhecidas como MLT. Todo esse processo ocorreu em um período de quase 20 anos, de 2002 a 2021.
O que os cientistas perceberam foi que com o aumento do gás carbônico, a atmosfera superior ficava mais fria, e esse resfriamento faz com que a estratosfera se contraia. Agora os cientistas viram que o mesmo ocorre com a mesosfera e a termosfera. “Finalmente apresentamos essas observações neste artigo. Somos os primeiros a mostrar o encolhimento da atmosfera como esta, em uma base global”, declarou Mlynczak.
Um artigo publicado pela física Ingrid Cnossen, do British Antarctic Survey, no Reino Unido, mostrou que o resfriamento da atmosfera poderia resultar em uma redução de 33% no arrasto até 2070. Essa redução poderia prolongar a vida útil orbital do lixo espacial extinto em 30% até 2070, descobriu Cnossen.
À medida que mais e mais satélites são lançados na órbita baixa da Terra, isso será um grande problema, sem medidas reais de mitigação à vista – seja para diminuir o número de satélites ou a quantidade de gases de efeito estufa emitida na atmosfera. “Enquanto o dióxido de carbono aumentar aproximadamente na mesma taxa, podemos esperar que essas taxas de mudança de temperatura permaneçam constantes também, a cerca de meio grau Kelvin [de resfriamento] por década”, alertou Mlynczak.
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