Em um cenário onde a depressão é considerada a doença da década, tivemos um golpe que agravou ainda mais o panorama social, trazendo milhões de mortes, sofrimento (mental e físico), mudança de hábitos com urgência de adaptações, aumento de crises de ansiedade por motivos que vão desde crise econômica até o afastamento social e ainda boas doses de discussões políticas, piorando o clima familiar e entre amigos; estamos falando, claro, da pandemia da covid-19

Soma-se aos altos e baixos as cobranças no trabalho e as realizadas para si mesmo, principalmente com a chegada do já popularizado home office; segundo pesquisa feita pela Korn Ferry, 85% das empresas adotaram o trabalho remoto nos últimos anos. 

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Contudo, embora o modelo tenha incontestáveis pontos positivos — tanto para o colaborador quanto para a empresa — ficar tanto em casa pode impactar a saúde de alguns, e o que era para ser um benefício, principalmente do que diz respeito à segurança contra a covid, pode se tornar um pesadelo. 

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“As relações sociais estão cada vez mais escassas e trabalhar de casa faz com que ficar o dia inteiro sentado seja uma rotina, prejudicando não apenas a saúde física, mas também o psicológico, afetando o desempenho no trabalho que acarreta ainda mais frustração e isolamento”, diz Pedro Reis, sócio fundador da VIK, startup voltada ao desenvolvimento e conscientização da importância da saúde mental em grandes empresas. 

Crédito: Shutterstock

O problema, no entanto, não está fadado apenas ao fato de realizar o home-office, já que muita gente se adapta — e até prefere —, mas a atenção à saúde mental do colaborador. Segundo o especialista, os benefícios de ter a saúde psicológica em dia fazem a diferença tanto na vida pessoal quanto no trabalho. “Para se ter uma ideia, um estudo feito pela Universidade da Califórnia mostrou que um colaborador feliz é 31% mais produtivo do que os que se consideram infelizes, revelando em números o impacto da ação”. 

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Para Reis, é preciso mostrar aos colaboradores o quanto eles são importantes naquela empresa, proporcionando momentos de lazer, atividades físicas em grupo, meditação e confraternização, tudo de uma maneira humanizada. Com as mudanças por conta da pandemia essas medidas tiveram que ser adaptadas, mas ainda é importante que as corporações se ajustem e não deixem essa questão de lado, pois a felicidade no ambiente corporativo se torna cada dia mais a chave para manter colaboradores engajados e a produtividade da equipe adequada. 

“Não basta tratar colaboradores apenas como colegas de trabalho, mas como pessoas que merecem seu bem-estar. Trazer humanização e integração para as empresas estão entre os principais pontos que levam qualidade de vida e satisfação para os colaboradores, investir na melhoria do clima organizacional, entender e valorizar cada um na equipe, pode ser a chave para levar felicidade a sua empresa”, pontuou. 

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saúde mental
Imagem: shutterstock/pathdoc

Apostar no bem-estar de funcionários é um investimento com retorno, um tipo de via de mão dupla que beneficia o colaborador e, consequentemente, a empresa. O empresário ainda destacou que investir em melhorias internas, como programas de gamificação, é benéfico para todos dentro e fora do ambiente corporativo, fazendo com que os colaboradores se sintam mais saudáveis e confortáveis com seu estado físico, emocional e social, gerando um clima descontraído e energizando os objetivos do indivíduo na relação com a companhia.

“Exercícios como futebol, musculação, luta ou qualquer outro liberam o hormônio do prazer, que faz com que as pessoas se sintam mais dispostas, melhorando a autoestima. Eu sempre falo que quando começamos a praticar atividades físicas não conseguimos mais parar, pois começamos a encarar como um hábito, gera um empoderamento que também afeta outros aspectos da vida. É preciso apenas de um empurrão para encontrar a sua melhor versão, tanto física quanto mental.” 

Outras análises: saúde mental e trabalho 

No ano passado, um estudo divulgado durante o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum) apontou uma piora significativa em quadros de depressão ou de ansiedade em decorrência da crise da Covid-19.  

Já uma pesquisa realizada em junho deste ano pela Vittude, plataforma de terapia online, mostrou que a Síndrome de Burnout está entre as doenças que mais provocam o afastamento do funcionário, por isso, atualmente, 72% dos brasileiros estão preferindo trabalhar em empresas com políticas de cuidados com a saúde mental dos empregados. 

Ilustração de emoticons representando humor
Imagem: tomertu/Shutterstock

Considerando apenas o Brasil, um levantamento realizado pela Gattaz Health & Results e liderada pelo Instituto de Psiquiatria da USP constatou que 18% dos profissionais brasileiros — um em cada cinco — sofrem com a chamada Síndrome de Burnout. 

Ademais, 43% relatam sintomas depressivos, com 13% tendo o diagnóstico da doença e outros 24% se queixando de ansiedade (deste total, contudo, apenas 5% foram devidamente diagnosticados). 

Com a intenção de entender quais os principais fatores prejudiciais para o bem-estar no trabalho, o Senklub, plataforma de desenvolvimento pessoal e emocional, apurou que os pontos que mais impactam para o funcionário são: preocupação constante, citada por mais de 30% dos entrevistados, e exaustão, apontada por cerca de 39% dos participantes.

Em entrevista ao Olhar Digital, Reis acrescentou que aos funcionários que se encontram em empresas que não possuem suporte à saúde mental, a dica é apostar no diálogo, “sendo esse um bom começo”.

“Enviar sugestões de programas para ser implantados na empresa e os benefícios que eles agregam é uma forma de começar a conversa — levando exemplos de resultados”.

O gestor também salientou que o cuidado com o emocional é contínuo, dentro e fora do ambiente de trabalho, sendo fundamental separar um tempo para nós mesmos.

“Já vi pessoas que reservam espaço na agenda para terem compromissos consigo mesmo, sem chance de serem incomodados. Quanto mais estivermos bem com nós mesmos, com saúde física e mental em dia, mais vamos render nas diversas áreas da vida. [nas empresas e na vida] a mudança de hábitos requer disciplina, rotina e satisfação ao longo de um determinado tempo para que as pessoas se mantenham engajadas até que comportamentos sejam mudados”, finalizou.

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