Vírus de 50 mil anos é ressuscitado em geleira

Além dos riscos à Saúde Pública, ainda existem aqueles para o meio ambiente, pois o processo de descongelamento produz gases de efeito estufa
Por Isabela Valukas Gusmão, editado por André Lucena 25/11/2022 15h33, atualizada em 25/11/2022 17h52
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Imagem: Derretimento camada permafrost. Créditos: Henrik A. Jonsson/Shutterstock
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As mudanças climáticas têm um grande potencial de afetar a forma como os micróbios se comportam e, portanto, podem ter um impacto direto na liberação de novos vírus. O derretimento de vastas parcelas de permafrost pode liberar diversos materiais que estavam retidos no gelo há anos, inclusive uma série de organismos microscópicos que permanecem adormecidos por centenas de milênios. Por isso, os cientistas decidiram reviver e estudar alguns vírus que estavam congelados no gelo da Sibéria.

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Estima-se que um grupo desses vírus tenha quase 50 mil anos de idade, um número recorde para um vírus congelado retornar a um estado capaz de infectar outros organismos. A equipe por trás do trabalho, justificou que o estudo desses microrganismos é necessário porque eles representariam uma grave ameaça à Saúde Pública, caso fossem descongelados sem supervisão.

Ao realizar culturas com esses organismos encontrados na Sibéria, a equipe provou que os vírus ainda tinham o potencial de serem patógenos infecciosos. os cientistas /também notaram que um grande número de bactérias podem ser liberadas no meio ambiente, o que seria uma situação um pouco menos preocupante graças aos antibióticos.

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Imagem: Derretimento camada permafrost. Créditos: Henrik A. Jonsson/Shutterstock

Riscos desses microrganismos para o meio ambiente

O vírus revivido recebeu o nome de Pandoravirus yedoma, que indica o seu tamanho e o tipo de solo permafrost em que foi encontrado. Os pesquisadores acreditam que há muito mais vírus para encontrar também, além daqueles que visam apenas amebas. Muitos dos vírus que serão liberados conforme o gelo derrete são completamente desconhecidos para nós.

Além dos riscos diretos à Saúde Pública, ainda existem riscos para o meio ambiente. De acordo com os pesquisadores, esse processo de descongelamento é um potencial produtor de gases de efeito estufa, pois a matéria orgânica que estava anteriormente aprisionada no gelo se decompõe em gás carbônico e metano.

Em entrevista à New Scientist, o virologista Eric Delwart, da Universidade da Califórnia, em São Francisco, disse que “se os autores estão de fato isolando vírus vivos do antigo permafrost, é provável que os vírus de mamíferos ainda menores e mais simples também sobrevivam congelados por eras”.

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.