A cada dia que passa, a situação no Twitter fica mais caótica desde que Elon Musk assumiu o controle da empresa. As inúmeras demissões no mundo todo e decisões de Musk enfraqueceram a rede social e deram espaço para rivais, como o Koo.

Vê-se vários setores importantes da empresa se desfazendo. E, nesta segunda-feira (28), a Wired indicou, por meio de fontes anônimas, que apenas um funcionário segue trabalhando na equipe dedicada a remover conteúdo de abuso sexual infantil da rede.

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De acordo com o portal, no LinkedIn, quatro empregados deste importante setor e que trabalhavam em Cingapura deixaram a empresa e anunciaram suas saídas publicamente na rede social profissional. Suas dispensas aconteceram neste mês.

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A equipe situada em Cingapura era a responsável por analisar os conteúdos potencialmente criminosos na região da Ásia e do Pacífico. Agora, apenas um funcionário precisa cobrir uma região que abriga cerca de 60% da população mundial, em torno de 4,3 bilhões de pessoas.

Segundo o agregador de dados Statista, só o Japão possui 59 milhões de pessoas com contas no Twitter, perdendo apenas para os EUA. E, assim como o restante do mercado global, o escritório de Cingapura foi assolado pelas demissões em massa e pelas saídas daqueles que não concordaram com os novos termos de trabalho de Elon Musk.

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Em entrevista à Wired, a pesquisadora do setor de segurança infantil na USP, Carolina Christofoletti, “é delirante pensar que não haverá impacto na plataforma se as pessoas que estavam trabalhando na segurança infantil no Twitter forem demitidas ou se demitirem”.

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Desde que assumiu o Twitter, Elon Musk vem tomando decisões que agradaram a poucos (Imagem: Shutterstock)

Equipe integrada

Apesar de possuir seus próprios funcionários para cuidar da segurança das crianças, o Twitter trabalha em parceria com algumas organizações, como a Fundação de Monitoramento da Internet (IWF, em inglês), do Reino Unido, e o Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Exploradas, situada nos Estados Unidos. Vale ressaltar que tais organizações também auxiliam outras plataformas online.

À Wired, a diretora de comunicação da IWF, Emma Hardy, explica que os dados coletados pela organização e enviados ao Twitter não precisam ser deletados por humanos, mas, sim, de forma automática pelo sistema da rede social. “Isso garante que o processo de bloqueio seja o mais eficiente possível”, diz.

Contudo, Christofoletti explicou que tais organizações focam no produto final, tendo pouco acesso aos dados internos do Twitter.

Na opinião da pesquisadora, painéis de controle internos são críticos e precisam ter seus metadados analisados para ajudar as pessoas a escreverem código de detecção que identifiquem os conteúdos antes que estes sejam compartilhados. “As únicas pessoas que podem ver isso [metadados] são aqueles dentro da plataforma”, afirma.

Tarefa árdua

O esforço do Twitter em combater a exposição de conteúdo infantil não consensual é difícil, pois a plataforma permite o compartilhamento de pornografia consensual, sendo que as ferramentas utilizadas para a verificação de abuso infantil têm dificuldade de diferenciar um adulto consentido e uma criança não consentida, segundo Arda Gerkens, diretora da fundação holandesa EOKM, responsável por relatar os abusos de forma online.

“A tecnologia ainda não é boa o bastante”, afirma, além de frisar que é por isso que ter uma equipe de funcionários humanos é tão importante.

Preocupação sobre o futuro da segurança infantil

Com todas as mudanças e incertezas no Twitter, os pesquisadores estão nervosos sobre como a empresa irá lidar com os problemas neste setor. As preocupações foram exacerbadas quando Musk pediu aos usuários do Twitter que respondessem sua postagem caso encontrassem problemas na plataforma e que precisassem ser resolvidos.

“Isso não deveria ser um tópico do Twitter”, diz Christofoletti. ” Ela deveria ser redirecionada à equipe de segurança infantil que ele demitiu. Esta é a contradição.”

Com informações de Wired

Imagem destacada: Michael Vi/Shutterstock

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