Uma nova descoberta dos cientistas promete mudar totalmente a forma como Marte é encarado. Considerado um até então um planeta inativo, um novo estudo apontou que há movimentos sísmicos acontecendo no subsolo marciano. De acordo com dados de várias sondas orbitais, o subsolo de Elysium Planitia, uma das maiores planícies de Marte, abriga uma área com atividade vulcânica, com tamanho semelhante a toda Europa Ocidental.

De acordo com o estudo, Marte é o terceiro planeta conhecido a ter atividade vulcânica ativa. Além dele, apenas a Terra e Vênus apresentam a mesma característica, no Sistema Solar. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores dos Estados Unidos analisaram informações captadas há decadas pelas sondas Mars Global Surveyor e a Mars Reconnoissance Orbiter, ambas da NASA.

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A partir desses dados, foi possível elaborar mapas topográficos detalhados do planeta, bem como estudar as mudanças na força de gravidade sofridas por Marte. Todos esses resultados aliados às evidências recentes do Insight, levaram os cientistas a concluírem que há uma enorme “pluma de manto” nesta parte de Marte, ou seja, um grande conduto de rocha que conecta o manto interno do planeta com a crosta externa.

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De acordo com as estimativas, a pluma está entre 100º e 300º mais quente que o resto do planeta, e mesmo em estado sólido, ela flui lentamente para cima. Acredita-se que a cabeça desta pluma tenha entre 25 e 200 quilômetros de profundidade. A elevada atividade sísmica captada pela sonda da NASA indica que a esta zona ainda “está ativa” e que já podem existir depósitos de lava no subsolo.

Imagem: Marte. Créditos: BT Image – Shutterstock

Em outro trabalho o grupo de pesquisa encontrou o caso mais recente de vulcanismo na história de Marte, ocorrido há 50.000 anos, pouco tempo em termos geológicos. Esse fato corrobora a hipótese de que a região está ativa.

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Corre o risco de haver erupções em Marte

Os cientistas envolvidos nessa pesquisa alegam que a descoberta demonstra a possibilidade de haver uma erupção em Marte, em tempo indeterminado. Toda a pressão existente na crosta do planeta fez com que a região tivesse um formato de cúpula, que se eleva do terreno circundante por um a dois quilômetros. Além disso, também foi observada uma enorme rede de rachaduras e linhas de falha conhecidas como Fossa de Cerberus, a mais longa de todo planeta vermelho, com cerca de 1, 3 mil quilômetros de comprimento.

É curioso que o vulcanismo registrado em Marte é semelhante, mas, ao mesmo tempo, diferente daquele visto na Terra. Em relação às plumas do manto e aos pontos quentes, o mesmo fenômeno pode ser encontrado em lugares como o Havaí ou as Ilhas Canárias. Porém, no caso terrestre, essa situação é desencadeada pelo movimento das placas tectônicas, diferentemente de Marte, que não tem essas placas, o que concentra a pressão das plumas em um ponto.

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Os pesquisadores disseram que “nenhum modelo previu a existência de vulcanismo ativo em Marte, por isso vamos ter de reescrever a história geológica do planeta para explicar como isso pode ter se formado”. Por fim, o trabalho também apontou duas implicações importantes para a futura exploração robótica e humana do planeta vermelho.

Primeiro: se houver, ela provavelmente será encontrada na forma de micróbios, localizados abaixo da superfície para escapar da alta radiação. Segundo: o fato de haver vulcanismo e temperaturas mais altas podem tornar a área mais hospitaleira para esses organismos e, portanto, um bom lugar para enviar futuras missões robóticas.

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