VPN suíço incomoda Putin

Governo russo tenta achar formas de bloquear o VPN da Proton; país se encontra em uma grande censura desde março deste ano
Por Fernanda Lopes Soldateli, editado por Adriano Camargo 09/12/2022 08h00
Imagem conceitual para matéria sobre acesso da Rússia a serviços de VPN
FellowNeko/Shutterstock
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Em março de 2022, Moscou bloqueou acesso a sites independentes e plataformas de redes sociais, a fim de ocultar informações sobre a invasão na Ucrânia que está acontecendo desde fevereiro. Tentando burlar a censura do governo, muitos russos assinaram com a Proton, empresa suíça que oferece um software de VPN que oculta a identidade do usuário e sua localização. 

Esta empresa ajudou muito os habitantes do local, já que seus usuários se comunicavam com pessoas que estavam utilizando redes no Japão, Holanda e Estados Unidos. Isso até o governo russo encontrar uma maneira de bloquear a Proton. Assim que a Internet foi cortada, o número de usuários russos que utilizavam esta plataforma diariamente – que chegou a 850.000, segundo o The New York Times – despencou. 

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Para a Proton, o trabalho é uma constante guerra contra um país que está enfrentando uma das censuras mais severas e agressivas da atualidade. A empresa vem enfrentando essa batalha com uma equipe de 25 engenheiros contra um governo, e durante os últimos nove meses de trabalho foram para aprimorar suas tecnologias para que seu software não seja bloqueado na Rússia. Alguns funcionários da empresa chegaram a tirar o sistema de suas redes sociais com medo de sofrerem ataques diretos.  

A batalha contra a censura digital está atingindo “um ponto de inflexão”, disse Grant Baker, analista de pesquisa para tecnologia e democracia da Freedom House, que relatou recentemente que a censura na Internet globalmente atingiu um novo recorde em 2022. Enquanto a Rússia vem trabalhando há anos para ter a internet mais controlada do mundo, as atitudes tomadas depois do início da guerra foram algo nunca visto em Moscou, disse Baker.  

Método como o Proton atua

Existem diversas empresas de VPN dentro do país, mas a Proton é um grande alvo do governo. Conhecida pelos seus e-mails criptografados, a empresa foi considerada uma ameaça, em junho deste ano, pelo governo de Vladimir Putin. Os relatos dos trabalhadores da empresa de software mostram como é lidar com um governo autoritário e que possui uma grande rede de censura, o qual o objetivo é tentar encobrir milhares de vidas perdidas em uma guerra causada por seu país. 

Andy Yen, fundador e executivo-chefe da Proton, disse que eles estão preparados para uma longa batalha. “Todo mundo espera que isso tenha um final feliz, mas não é garantido. Na verdade, não vemos a luz no fim do túnel, mas você continua porque, se não fizermos isso, talvez ninguém mais o faça”.

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Fernanda Lopes Soldateli é redator(a) no Olhar Digital

Jornalista 100% geek há quase 20 anos, pai do Alê, fanático por tecnologia, games, Star Wars, esportes e chocolate. Narrador/comentarista esportivo e Atleta Master. Não necessariamente nessa ordem.