Você acredita na ciência? A maioria dos brasileiros diz que sim

Levantamento revelou quem são as fontes mais confiáveis e o índice de credibilidade da vacina
Tamires Ferreira14/12/2022 12h04
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Imagem: shutterstock/Matej Kastelic
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Um estudo divulgado nesta semana sobre a Confiança na Ciência no Brasil em tempos de pandemia, conduzido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia (INCT-CPCT), revelou que a maioria dos brasileiros (68,9%) confia ou confia muito na ciência. 

Embora o percentual não seja tão baixo, a taxa é menor do que indicam pesquisas recentes, como o Índice do Estado da Ciência, realizado pela empresa 3M (EUA) em 2022, que apontou um índice global de 90% na afirmação “eu confio na ciência”. 

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De acordo com informações da Agência Brasil, para pesquisadores, um dos fatores que pode ter influenciado neste recuo é a desinformação, que cresceu em quantidade e impacto durante a pandemia de covid-19. No entanto, eles também destacam que é preciso ter cautela com comparações desse tipo, que podem não ser precisas “devido às diferenças na formulação das perguntas ou na apuração dos resultados”. 

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Imagem: Cientista olhando reações químicas no microscópio. Créditos: Gorodenkoff/Shutterstock

As fontes mais confiáveis 

Entre as fontes de informação que mais inspiram confiança nos brasileiros, conforme a pesquisa, estão os cientistas, identificados pelos entrevistados como honestos e responsáveis por um trabalho que beneficia a população. As escolhas mais frequentes dos entrevistados como fontes confiáveis de informação foram: 

  1. Médicos (60,1%);
  1. Cientistas (47,3%), dos quais 30,6% são de universidades ou institutos públicos de pesquisa e 16,7% trabalham em empresas; 
  1. Jornalistas (36,4%).

“Artistas e políticos são citados com menor frequência, com 1,5% cada”, indicou. Somente 3,5% revelaram que a ciência não traz “nenhum benefício” para a humanidade. 

Sobre as instituições de pesquisas, 25% lembraram de citar uma com mais destaque. As mais mencionadas foram: 

  1. Instituto Butantan; 
  1. Fiocruz; 
  1. USP. 
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Imagem: shutterstock/Chinnapong

Os brasileiros confiam na vacina? 

De modo geral, os entrevistados têm percepções e atitudes positivas sobre vacinação, especialmente em relação aos imunizantes contra a covid-19. A avaliação é que são seguros, eficazes e importantes para proteger a saúde pública e acabar com a pandemia, no entanto, há uma parcela com receios e que, inclusive, não planeja tomar doses de reforço. 

  • 86,7% dos entrevistados consideram as vacinas importantes para proteger a saúde pública; 
  • 75,7% como seguras;
  • 69,6% como necessárias;  
  • 46,4% acham que elas produzem efeitos colaterais que são um risco;  
  • 40% desconfiam que as empresas farmacêuticas esconderiam os perigos das vacinas;
  • 46,7% dos entrevistados acreditam que o governo federal forneceu informações falsas sobre a vacina contra a covid-19; 
  • 13% dos entrevistados indicaram que não pretendem tomar doses de reforço;   
  • 8% dos que têm filhos ou menores sob sua responsabilidade declararam não ter a intenção de vaciná-los. 

Os pesquisadores observaram que a chance de recusar vacinas aos filhos é muito maior entre os homens e cresce entre as pessoas que declaram que “o crescimento econômico e a criação de empregos devem ser prioridades máximas, mesmo quando a saúde da população sofra de algum modo”. 

“[pessoas que] declaram que os avanços econômicos devem ter prioridade sobre políticas de combate à desigualdade, ou que o mercado deve ter prioridade sobre a saúde, têm maiores chances de considerar elevado o risco das vacinas”, acrescentou o documento. 

Em suma, a hesitação vacinal está associada, “em parte, à escolaridade, à familiaridade com conceitos científicos e ao conhecimento de instituições científicas, sendo fortemente influenciada pelo grau de engajamento dos entrevistados na sociedade civil e na política, pelos posicionamentos econômicos e pelos valores”. 

Imagem: shutterstock

Maioria também acredita que mudanças climáticas são culpa da ação humana 

A maioria da população brasileira (91%) acredita que estão ocorrendo as mudanças climáticas, enquanto para menos de 6% elas não existem. Nesta última parcela, há diferenças significativas. “Modelos de regressão mostram que a chance de um entrevistado declarar não haver mudança climática aumenta muito entre pessoas que também dizem não confiar na ciência ou cuja confiança na ciência diminuiu durante a pandemia.”

  • Para 85,8% dos que acreditam na existência das mudanças climáticas, a causa é a ação humana; 
  • 12,4% acreditam que elas são provocadas por mudanças naturais do meio ambiente; 
  • 78,3% acreditam que as mudanças climáticas estão prejudicando a qualidade de vida no Brasil;   
  • 81% que elas podem prejudicar a si e a suas famílias; 
  • 82,8% citaram que as próximas gerações também serão afetadas. 

Quando se trata da opinião sobre os esforços nacionais para preservação do meio ambiente, a avaliação se divide: 30,6% concordam que o Brasil é um dos países que melhor preserva o meio ambiente e 42,8% discordam da afirmação. 

O estudo foi realizado entre agosto e outubro deste ano e 2.069 pessoas com 16 anos ou mais foram entrevistadas. A margem de erro da pesquisa é 2,2%, em um intervalo de confiança de 95%. As entrevistas foram domiciliares, pessoais e individuais.   

Em conclusão, a visão dos pesquisadores é que “a percepção majoritariamente positiva do público sobre a ciência e os cientistas, bem como a falta de evidências da existência de um movimento organizado de negacionistas da ciência no país, são achados importantes para orientar estratégias mais efetivas de combate à desinformação, direcionadas a grupos específicos de pessoas, que reagem de forma diferente aos diversos tipos de comunicação”. 

Com informações da Agência Brasil 

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Tamires Ferreira
Redator(a)

Tamires Ferreira é jornalista formada pela Fiam-Faam e tem como experiência a produção em TV, sites e redes sociais, além de reportagens especiais. Atualmente é redatora de Hard News no Olhar Digital.