O engenheiro mecânico Hod Lipson dirige o Laboratório de Máquinas Criativas da Universidade de Columbia e dedicou a maior parte da sua carreira a entender, e tentar criar, robôs com consciência.

No início dos anos 2000, o professor estava desenvolvendo uma máquina que pudesse perceber que algo estava errado dentro de suas configurações e que mudasse seu comportamento para suprir essa carência.
Para Hod, esta habilidade se tornaria cada vez mais importante à medida que nos tornaremos cada vez mais dependentes dos robôs.

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Atualmente, é comum máquinas que realizam cirurgias, fabricam produtos e até transportam comida, e mesmo um pequeno erro poderia ser bem significativo. “Vamos literalmente entregar nossa vida a um robô”, disse ele. “Você quer que essas máquinas sejam resilientes”.

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Inspirado pela seleção natural, Hod tentou aplicá-la em seus códigos, criando uma forma generalizável de inteligência que pudesse aprender sobre seu corpo e função, independentemente de sua aparência e função, segundo o The New York Times.

Este tipo de inteligência seria muito útil em situações de crise, pois as máquinas iriam conseguir resolver problemas de forma igual – ou melhor – que os humanos. À medida que o aprendizado de máquina foi tomando proporções maiores e se aprimorando cada vez mais, a ideia do professor ficou mais viável.  

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Nos últimos dois anos, Hod começou a dizer a todos que quer criar máquinas conscientes, algo que é um tabu no ramo da tecnologia. “Esta não é apenas mais uma questão de pesquisa na qual estamos trabalhando, esta é a questão”, disse ele. “Isso é maior do que curar o câncer. Se pudermos criar uma máquina que tenha consciência a par de um ser humano, isso eclipsará tudo o que fizemos. Essa máquina em si poderá curar o câncer.”

O grande problema é definir o que seria uma consciência. Em um lado mais teórico, podemos explicá-la apontando para funções no cérebro ou algumas substâncias mais metafísicas, mas esses esforços dificilmente são conclusivos e dão origem a ainda mais perguntas. Mesmo uma das descrições mais amplamente compartilhadas da chamada consciência fenomênica, que seria se um organismo é consciente “se há algo que é semelhante a ser esse organismo”, como disse o filósofo Thomas Nagel, pode não parecer clara o suficiente.

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Thomas Sheridan, professor emérito de engenharia mecânica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse acreditar que a consciência pode ser reduzida a um determinado processo e que quanto mais descobrimos sobre o cérebro, menos confuso o conceito parecerá. “O que começou como assustador e meio religioso acaba sendo uma ciência objetiva e direta”, disse ele.

O Dr. Lipson e os membros do Creative Machines Lab se enquadram nessa tradição. “Preciso de algo que seja totalmente edificável, seco, não romântico, apenas porcas e parafusos”, disse. Ele estabeleceu um critério prático para a consciência: a capacidade de se imaginar no futuro.

Robôs autoconscientes 

A primeira máquina com consciência já criada foi feita pela Creative Machines Lab, com quatro pernas articuladas e um tronco preto com sensores conectados. Percebendo como se movem, ele criou uma simulação do próprio corpo, usando os algoritmos e o aprendizado de máquina, e o robô melhorou os ajustes entre seu automodelo e seu corpo real. 

Isso representou um grande passo à frente, disse Boyuan Chen, um roboticista da Duke University que trabalhou no Creative Machines Lab. “Na minha experiência anterior, sempre que você treinava um robô para realizar uma nova função, sempre via um humano ao lado”, disse ele.

Recentemente, o Dr. Chen e o Dr. Lipson publicaram um artigo na revista Science Robotics que revelou sua mais nova máquina autoconsciente, um braço simples de duas articulações que foi fixado a uma mesa. Usando câmeras instaladas ao seu redor, o robô observou a si mesmo enquanto se movia “como um bebê em um berço, observando-se no espelho”, disse Lipson. 

Crédito: Karsten Moran

Inicialmente, a máquina não tinha noção de onde estava no espaço, mas ao longo de algumas horas, com a ajuda de um algoritmo de aprendizado profundo e um modelo de probabilidade, foi capaz de se destacar no mundo. “Ele tem essa noção de si mesmo, uma nuvem”, disse o Dr. Lipson.

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