A história do Brasil no espaço é cheia de turbulências. Apesar de ter feito parte do projeto da Estação Espacial Internacional (ISS), nosso país foi expulso do laboratório por problemas financeiros, de logística e promessas não cumpridas. Na ocasião, a NASA chegou a remover todas as referências ao Brasil e até mesmo as bandeiras do país de seus relatórios e comunicados oficiais.
Nas linhas a seguir, o Olhar Digital explica por que o Brasil foi expulso da estação espacial. A história começa em 1996 e se estende até 2010, passando pela viagem do primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes, que aconteceu em 2006.
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Brasil foi convidado para o projeto da ISS
Tudo começou em 1996, quando o Brasil — na época, governado por Fernando Henrique Cardoso — decidiu entrar projeto da Estação Espacial Internacional como o único país em desenvolvimento entre as nações participantes. O convite surgiu porque o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, era favorável ao governo FHC.
A única responsabilidade do governo brasileiro era entregar certas peças para ajudar a construir o laboratório entre os anos 2000 e 2004. No documento assinado em 14 de outubro de 2007, o Brasil ficou encarregado de entregar seis componentes que, apesar de não serem essenciais, eram necessários para a construção da Estação Espacial Internacional.
Essas peças eram:
- Instalação para Experimentos Tecnológicos (TEF);
- Janela de Observação para Pesquisa – Bloco 2 (WORF-2);
- Palete Expresso para Experimentos na Estação Espacial (EXPRESS);
- Container Despressurizado para Logística (ULC);
- Adaptador de Interface para Manuseio de Carga (CHIA);
- Sistema de Anexação ZI-ULC (ZI-ULC-AS).
Falta de dinheiro prejudicou o projeto inteiro
O problema é que a produção dessas peças era cara demais, e o governo brasileiro não liberou o orçamento necessário para entregar todos os componentes. Em vez de abrir o jogo para a NASA, o Brasil tentou adiar a entrega dos itens o máximo que pôde, até porque Marcos Pontes já estava nos EUA treinando para decolar na missão espacial.
Quando viu que o Brasil não iria conseguir entregar as peças a tempo, a NASA começou não só a buscar outros fornecedores, como também cortar a participação do Brasil no projeto da Estação Espacial Internacional. Porém, por questões de diplomacia, a agência espacial dos Estados Unidos tentou fazer novos acordos.
Para se manter no projeto, o Brasil precisava entregar apenas um dos itens, o Container Despressurizado para Logística, até 2006. Entretanto, mesmo com os cortes, o governo não conseguiu dinheiro suficiente para produzir o componente. Como consequência, Marcos Pontes foi retirado dos cronogramas dos voos oficiais da NASA.
Brasil foi removido em silêncio do projeto
Em maio de 2007, o jornal Estadão publicou um artigo cirando um dos conselheiros da NASA, John Logsdon, e dizendo que o Brasil estava fora do projeto da estação espacial. No texto, Logsdon disse que a NASA deu tempo suficiente para que as peças fossem entregues.
Por questões de diplomacia, o Brasil nunca foi expulso oficialmente do programa da Estação Espacial Internacional. Porém, em um comunicado enviado para a imprensa em novembro de 2008, comemorando os Dez Anos da Estação Espacial, a NASA não mencionou o Brasil entre os apoiadores do projeto. Além disso, a bandeira brasileira foi removida de todos os cartazes e decorações do laboratório.
Imagem: Divulgação/NASA
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