A missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), ajudou a descobrir um novo exoplaneta orbitando “perto” da estrela HD206893 – uma anã marrom que se localiza a cerca de 130 anos-luz da Terra e é cerca de 30% maior que o nosso próprio sol.

O novo planeta, chamado HD206893c, tem uma massa maior do que a de Júpiter e desloca-se ao redor de sua estrela hospedeira (de classe F) com uma distância aproximada de 482,8 milhões de quilômetros. No nosso próprio sistema solar, encontraríamos ele no meio do caminho entre as órbitas de Marte e Júpiter. Além disso, ele demora cerca de 5,7 anos para completar uma volta em torno da estrela.

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A equipe de cientistas, liderada pelo professor Sasha Hinkley (da Universidade de Exeter), observou que o planeta recém-descoberto mostra claramente um brilho e isso se deve à fusão nuclear pela queima de deutério (“hidrogênio pesado”) em seu núcleo.

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Comparação entre planetas (até cerca de 13 vezes a massa de Júpiter), anãs marrons de diferentes massas (entre 13 e 80 vezes a massa de Júpiter) e estrelas (massas acima de 80 vezes a massa de Júpiter)
Comparação entre planetas e exoplanetas (até cerca de 13 vezes a massa de Júpiter), anãs marrons de diferentes massas (entre 13 e 80 vezes a massa de Júpiter) e estrelas (massas acima de 80 vezes a massa de Júpiter). Imagem: NASA/ Caltech/ R. Hurt (IPAC) / Divulgação

Como o planeta ultrapassa o limite de queima de deutério – normalmente especificado como algo em torno de 13 vezes a massa de Júpiter –, os cientistas acreditam que ele possa ajudar a esclarecer como distinguir entre um planeta fora do sistema solar e uma anã marrom (considerada uma estrela “fracassada”, porque não conseguiu agrupar massa suficiente para iniciar fusão nuclear).

A descoberta marca um avanço na maneira de descobrir astros distantes, já que esta é uma das primeiras detecções de um planeta cuja presença foi parcialmente inferida através da observação do deslocamento da estrela hospedeira.

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Esforço coletivo

A missão Gaia foi crucial para esta descoberta, pois foi ela que fez as primeiras imagens, apontando o caminho para que os cientistas pudessem usar outros equipamentos. Por isso, acredita-se que muitos outros planetas poderão ser descobertos com a mesma técnica.

A descoberta de HD206893c é um momento realmente importante para o estudo de exoplanetas, pois a nossa pode ser a primeira detecção direta de um ‘exoplaneta Gaia’.

Sasha Hinkley

Inicialmente, os cientistas descobriram uma anã marrom, conhecida como HD206893B, orbitando uma estrela hospedeira em 2017. Posteriormente, o instrumento ESO HARPS e as medições precisas do movimento da estrela hospedeira pela missão Gaia sugeriam a presença de um companheiro de massa inferior.

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A partir daí, eles confirmaram se tratar de um planeta graças ao instrumento GRAVITY, do Very Large Telescope (VLT), que permite usar interferometria óptica para sincronizar os quatro telescópios principais do VLT e, assim, funcionar como um único telescópio mais poderoso.

GRAVITY é um instrumento do Very Large Telescope, localizado no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile
GRAVITY é um instrumento do Very Large Telescope, localizado no Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile. Imagem: Consórcio ESO / Divulgação

Nesta investigação, o GRAVITY conseguiu medir a posição do exoplaneta na órbita da estrela com extrema precisão. Ele também ajudou a entender a atmosfera desse astro, já que ele foi capaz de medir o espectro de luz sendo emitido da atmosfera do planeta.

Com informações de da Universidade de Exeter e Science Times.

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