A escalada do Monte Everest é uma viagem digna de aventureiros. Todos os anos, centenas de pessoas entram na jornada de alcançar o topo da montanha. Mas ao mesmo tempo que os visitantes voltam para suas casas cheios de histórias e glória, eles deixam para trás os germes humanos. 

Um novo estudo publicado na revista Arctic, Antarctic, and Alpine Research mostrou que os alpinistas que enfrentam o Everest podem estar levando micróbios capazes de se esconderem e sobreviverem mesmo em ambientes muito gelados.

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Monte Everest, uma escalada difícil

A melhor forma de se subir o ponto mais alto do mundo, 8849 metros acima do nível mar, é pelo colo sul da montanha, localizado no Nepal. É justamente nesse lado que os pesquisados encontraram os microrganismos, a maior parte deles, adormecidos. Eles podem ter chegado lá através do vento ou levados pelos humanos.

As amostras dos germes foram coletadas a cerca de 2200 metros de altura e a cerca de 170 metros de distância da onde os aventureiros costumam estabelecer seus acampamentos durante a subida. Os pesquisadores se surpreenderam por terem encontrado bactérias como Staphylococcus e Streptococcus, que estão mais acostumadas a locais quentes e úmidos, como nossas gargantas.

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Há uma assinatura humana congelada no microbioma do Everest, mesmo naquela elevação. Se alguém assoar o nariz ou tossir, esse é o tipo de coisa que pode aparecer.

Steven Schmidt, autor e ecologista microbiano, em resposta a Science Alert.

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Encontrando os germes

Para realizar o estudo, os pesquisadores fizeram coletas de materiais genéticos encontrados no solo para identificar os micróbios presentes no local. Outras pesquisas do tipo já haviam sido realizadas em lugares frios e altos como nos Andes, Antarctica e outros pontos do Himalaia. No entanto, apenas no Monte Everest foram encontrados evidências de microrganismos humanos.

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As condições do Monte Everest não são nada favoráveis para a existência de germes. Alta incidência de radiação ultravioleta, clima frio e falta de água líquida criam um ambiente que só os mais fortes micróbios sobrevivem.

Apesar das bactérias Staphylococcus e Streptococcus serem frequentemente encontradas no solo, a existência delas no Everest é pouco provável. A não ser que tenham sido levadas pelo ar ou por humanos. Análises genéticas indicaram que esses microrganismos encontrados por lá são os mesmos das nossas bocas.

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Prevemos que, se fizermos amostras nas áreas mais utilizadas pelo homem na montanha, poderemos encontrar ainda mais evidências microbianas do impacto humano no meio ambiente

Pesquisadores no artigo

Apesar de poucos dos germes humanos permanecerem inativos ao invés de morrerem nas condições do Everest, com as mudanças climáticas a situação pode mudar. As temperaturas no ponto mais alto do planeta tem subido cerca de 0,33 graus Celsius por década, mas em julho de 2022 a temperatura atingiu – 1,4° C, sendo que raramente os termômetros atingem -10° C.

No entanto, por agora, os pesquisadores acreditam que essas pequenas quantidades de germes que têm sido deixados no Himalaia não vão acarretar grande impacto ambiental.

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