Um fungo mortal considerado ameaça urgente à saúde pública se espalhou em “taxa alarmante” nos EUA, especialmente durante a pandemia. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (20) por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O que você precisa saber sobre o fungo

  • Chamado de “Candida auris”, o fungo ataca especialmente pessoas mais velhas ou com sistema imunológico enfraquecido.
  • O perigo fica por conta da resistência ao tratamento com antifúngicos comuns.
  • Quase metade dos pacientes que contraem C. auris morrem em 90 dias, segundo a CDC.
  • A razão para isso é que a maioria das pessoas infectadas também lida com outros problemas de saúde, de modo que o C. auris acaba agravando a situação e causando a morte do paciente.
  • O fungo foi detectado pela primeira vez em 2016 nos Estados Unidos
  • As autoridades de saúde pública esperavam contê-lo adotando triagem rigorosa e controle de infecção em lares de idosos, o que acabou não funcionando nos últimos anos.

Ao longo de 2021, os departamentos de saúde do país relataram 1.474 casos, um salto de 200% em relação a 2019, quando foram detectados pouco menos de 500. Do total, as maiores concentrações de infecções foram vistas na Califórnia, Nevada, Texas e Flórida.

Os dados do aumento expressivo de casos e transmissão de C. auris são de uma pesquisa publicada esta semana no “Annals of Medicine”. 

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Apesar de o novo artigo ainda não incluir o número de casos de 2022, a página da CDC que rastreia a disseminação do fungo já mostra que houve 2.377 infecções relatadas no ano passado, ou seja, mais um aumento acentuado.

Casos no Brasil

No Brasil, não há relatos de casos de infecção por C. auris. Em dezembro de 2020 foi notificado à Anvisa o possível primeiro caso positivo em paciente adulto internado em UTI no estado da Bahia. Na época, o Ministério da Saúde alertou que serviços de saúde e laboratórios de microbiologia devem estar prontos para adotar ações de prevenção e controle da disseminação caso o fungo seja detectado.

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Jovens precisam se preocupar com o fungo?

Segundo as informações do The New York Times, a resposta é não. O C. auris não é uma ameaça para jovens saudáveis, cujos sistemas imunológicos conseguirão combatê-lo. Mas, ainda assim, isso não anula a possibilidade de transportar o fungo na pele e nas roupas.

Pandemia piorou a situação

É provável que a pandemia tenha contribuído para o aumento na disseminação de C. auris, acrescenta o CDC. Com a atenção focada na Covid-19, menos ênfase foi colocada na triagem para C. auris.

Além disso, o fungo consegue se fixar em trajes de enfermagem, luvas e outros equipamentos de proteção individual que, em condições ideais, seriam trocados com frequência, mas foram reutilizados durante a pandemia devido à escassez de suprimentos — o C. auris também pode se conectar a ventiladores e equipamentos médicos.

Quais são os sintomas da infecção

  • Quem contrai o C. auris normalmente apresenta sintomas típicos de uma infecção, como febre e calafrios.
  • Os sintomas podem piorar caso o paciente não procure tratamento.
  • Como dito antes, o fungo atinge idosos, principalmente aqueles que fazem muitas visitas a hospitais e unidades de saúde.
  • O grande desafio no tratamento de C. auris é a resistência a medicamentos antifúngicos tradicionais.

Em 2020, 86% das amostras testadas pela Rede de Laboratórios de Resistência Antimicrobiana do CDC revelaram que o fungo era resistente a classe dos medicamentos “azóis”, muito populares no tratamento contra fungos.

Outro fator que preocupou as autoridades de saúde é que 1,2% das amostras se mostraram resistentes a uma classe de tratamento de primeira linha com equinocandinas (um grupo de agentes antifúngicos que age na parede celular fúngica, muito usados no tratamento da candidíase invasiva em indivíduos com neutropenia ou doenças graves.). 

Caso essa resistência se torne mais comum à medida que o C. auris evolui, pode se tornar quase impossível de tratá-lo, alertam as autoridades.

Imagem principal: Kateryna Kon/Shutterstock

Com informações do The New York Times

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